Sintomas depressivos e ideação suicida como consequência da pandemia da Covid-19

 

Urdiales Claros, R., & Sánchez Álvarez, N. (2021). Sintomatologia depressiva e ideação suicida como consequência da pandemia por Covid-19. Escritos de Psicologia14 (2), 134-144. https://dx.doi.org/10.24310/espsiescpsi.v14i2.12901

 


Resenhado por Millena Bahiano

 

Devido à insegurança e o medo da população em contrair a Covid-19, muitas pessoas tiveram a sua saúde mental afetada pelas circunstâncias que foram impostas pelo distanciamento social, mudanças de rotina e de hábitos diários. Nesse cenário, a pandemia causada pela Covid-19, bem como as medidas adotadas para impedir a propagação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), trouxe consigo um aumento dos casos de depressão e de suicídio.

O presente estudo foi realizado na Espanha e objetivou demonstrar o impacto psicológico da Covid-19 após um ano de início da pandemia. A amostra contou com 1.558 participantes. Para caracterizar a amostra, utilizou-se um questionário sociodemográfico constando de dados a respeito do gênero, idade, escolaridade e estado de saúde em relação à Covid-19. Os instrumentos utilizados foram o Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Frequência de Ideação Suicida (FSII). O método de amostragem utilizado foi a técnica denominada “Bola de Neve”, que se constitui como uma técnica de amostragem em que os participantes de um estudo recrutam novos participantes entre os seus contatos.

Os resultados obtidos demonstraram que a amostra foi composta em sua maioria por mulheres (73,2%) e a média de idade dos participantes foi de 28 anos. No que diz respeito à depressão e a ideação suicida, as mulheres apresentaram níveis mais elevados de sintomatologias depressivas e pensamentos de morte do que os homens. Também foi visto que as pessoas que tiveram uma pessoa próxima que morreu devido à Covid-19 pontuaram mais alto para ideação suicida do que àquelas pessoas que não tiveram nenhuma pessoa que morreu pela doença. Constatou-se, também, que as pessoas que sofreram alterações na esfera pessoal, profissional e/ou acadêmica apresentaram níveis mais elevados de sintomas depressivos e de ideação suicida do que as pessoas que não vivenciaram nenhuma alteração significativa em sua rotina.

No âmbito laboral e/ou acadêmico, estudantes e pessoas que estavam desempregadas antes da pandemia da Covid-19 apresentaram níveis mais altos de sintomas depressivos e de pensamentos suicidas. Em relação a ideação suicida, os participantes que tiveram o seu trabalho modificado para a modalidade parcial de home office apresentaram pontuações mais elevadas do que as pessoas que não sofreram nenhuma modificação em sua forma de trabalho. Já as pessoas que tiveram que mudar de residência e que se mudaram para um lar com piores características, os níveis de depressão foram maiores em comparação à ideação suicida.

Por fim, os autores ressaltaram que o impacto psicológico ocasionado pela pandemia da Covid-19 foi diferente entre mulheres e homens. Tanto nos níveis de depressão como de ideação suicida as mulheres apresentaram pontuações mais elevadas, embora estas diferenças tivessem sido significativas apenas nos níveis de depressão. Portanto, os achados deste estudo se fazem importantes e podem vir a contribuir para a prevenção do suicídio e identificação precoce de sintomas depressivos em homens e mulheres. Além disto, pode auxiliar o psicólogo da saúde na elaboração de estratégias e ações em saúde, mais eficazes, para a prevenção de agravos à saúde física e mental desses indivíduos diante de uma crise emergencial de saúde.

 

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