Fatores de risco e proteção e sintomas de depressão na adolescência.

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Santos-Vitti, L., Faro, A., & Baptista, M. N. (2020). Fatores de risco e proteção e sintomas de depressão na adolescência. Psico51(4). https://doi.org/10.15448/1980-8623.2020.4.34353  

Resenhado por Thayslane Ribeiro-Almeida

A adolescência é uma fase da vida em que muitos processos de adoecimento se iniciam. A presença de doenças nesse período do desenvolvimento pode acarretar consequências como a queda de rendimento escolar e presença de sintomatologia psicopatológica. Nesse sentido, a depressão é uma das doenças mais comuns em adolescentes. Os aspectos que aumentam ou diminuem a probabilidade do surgimento e manutenção de doenças são chamados, respectivamente, de fatores de risco ou proteção. Esses fatores podem ser de ordem biológica, psicológica ou social e estão relacionados a vulnerabilidade do indivíduo para doenças. No contexto da depressão, exemplos de fatores protetivos são características pessoais positivas, como a autoestima e autoeficácia, já alguns fatores de risco podem ser o isolamento social e desamparo aprendido.

 O estudo teve por objetivo avaliar a capacidade explicativa da autoestima, da autoeficácia, do autoconceito, do desamparo, da solidão e da desesperança em relação à depressão entre adolescentes. A pesquisa contou com uma amostra não probabilística de 388 adolescentes, com média de idade de 16,3 anos (DP = 1,17). Os participantes eram estudantes do ensino médio de três escolas públicas do estado de Sergipe, sendo uma da cidade de Aracaju e duas de Itabaiana. A coleta dos dados clínicos foi obtida por meio da Bateria de Avaliação de Indicadores de Depressão Infanto Juvenil (BAID-IJ), formada por sete escalas que mensuram os conceitos de depressão, solidão, desamparo, autoestima, autoconceito, desesperança e autoeficácia; também foi utilizado um questionário sociodemográfico.

            Os resultados apontaram que as pessoas do sexo feminino apresentaram 6,1 vezes mais chances de possuir pontuação elevada na escala de depressão. De modo geral, as mulheres se mostraram mais vulneráveis em relação a depressão do que os homens, existindo uma proporção de 2:1 em termos globais. Além disso, o surgimento de sintomatologia depressiva acontece mais cedo entre as meninas. Ter idade igual ou maior de 16 anos também se relacionou com maiores chances de apresentar pontuação intermediária ou alta na escala de depressão. Isso pode estar associado as diversas mudanças biopsicossociais associadas a adolescência, sendo também apontado em outros estudos tal tendência.

 No que se refere a solidão e desamparo, os participantes que demonstraram maiores níveis nesses construtos tiveram maiores índices na escala de depressão. Por outro lado, os valores de autoconceito estiveram inversamente relacionados aos de sintomatologia depressiva. Esses achados se assemelham aos resultados de outros estudos. Dessa maneira, a desvalorização de si, o quanto se sente sem apoio e a crença de que nada pode mudar as situações adversas pelas quais passa parece se relacionar com a sintomatologia depressiva.

            Tendo em vista a alta incidência de sintomatologia depressiva em adolescentes, a presente pesquisa trouxe importantes resultados para a área da psicologia da saúde, clínica e escolar. A identificação dos fatores de risco e proteção possibilitam o direcionamento aos aspectos que mais impactam a depressão. Isso contribui para o surgimento de intervenções mais efetivas, promovendo melhor qualidade de vida e bem-estar tanto para os adolescentes como seu entorno. Portanto, podem ser desenvolvidas estratégias que possibilitem maior adaptação para os adolescentes lidarem com o desamparo, a desesperança e a solidão.

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