A Residência Multiprofissional e a formação do psicólogo da saúde: um relato de experiência


Reis, B. A. O., & Faro, A. (2016). A residência multiprofissional e a formação do psicólogo da saúde: um relato de experiência. Revista Psicologia e Saúde, 8, 62-70.

Resenhado por Joelma Araújo

            O programa de Residência Multiprofissional de Saúde é uma iniciativa apoiada pelo Ministério da Saúde, que nasce da necessidade de se formar profissionais que atuem de maneira articulada, com o objetivo de romper com tradicionais práticas de saúde, estruturadas na fragmentação do conhecimento de cada profissão.
            O presente trabalho apresenta um relato de experiência de uma psicóloga residente no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. O mesmo discute a inserção da Psicologia em um programa de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) e a importância dessa inserção para a formação de especialistas em Psicologia da Saúde. Este campo da Psicologia ocupa-se principalmente da maneira como o sujeito vivencia a interface saúde-doença, sua relação consigo mesmo, com os outros e com o seu contexto ambiental. O que cabe ao profissional de Psicologia, através do uso de suas técnicas, é a promoção de saúde, prevenção de agravos e auxílio no enfrentamento e adaptação mais saudáveis do sujeito adoecido.  
  No relato da experiência, foram problematizados: 1) a demanda prospectiva ao atendimento psicológico e 2) o trabalho em equipe multiprofissional e a expectativa da equipe quanto à prática do psicólogo. O primeiro eixo trouxe a questão do serviço de psicologia ser oferecido aos pacientes, sendo o psicólogo não aquele que espera passivamente a demanda, mas que faz triagens e oferta o atendimento, sendo dado ao paciente a autonomia de poder recusar o serviço. Neste ponto, como aspecto positivo, observou-se a oferta do serviço a mais usuários, porém alguns acabaram aceitando e depois se mostrando resistentes, o que pode ser devido ao modelo não favorecer tanto a vinculação. Na oportunidade, são apresentadas limitações quanto à frequência da tutoria e presença de preceptor de referência nos cenários de atuação da residente, o que levava à sobrecarga dos residentes de psicologia, já que existia apenas uma psicóloga em todo o hospital, lotada na pediatria.
Com relação ao segundo ponto, é ressaltada a importância do trabalho interdisciplinar, que vai além da formação de uma equipe composta por diferentes profissões. A equipe constitui-se enquanto inter quando as intervenções passam a ser pensadas em conjunto. Tendo em vista tal fato, é estabelecido um turno para a reunião de planejamento da equipe, o que segundo o relato permitiu ampliar a percepção sobre saúde-doença.
Como aspectos negativos da experiência com a atuação multi, foram pontuados  equívocos cometidos pelos profissionais da equipe, ao sugerirem a residente algo equivocado sobre a sua atuação, afastando-se do que cabe ao psicólogo. Contudo, é esboçado que a definição do papel do psicólogo no hospital e na saúde em geral não está clara nem para o próprio profissional da área. Muitas vezes isso ocorre segundo os autores, devido à recente inserção do psicólogo neste campo, em que houve mudanças de identidade do profissional no panorama nacional, que sai do foco no individual para o social, e também por muitas vezes existirem lacunas em sua formação.
Desta forma, salienta-se a importância da Psicologia ser inserida no RMS, já que permite o desenvolvimento desta especialidade, com a formação de mais profissionais para atuaram em saúde. Possibilitam assim, maior assistência psicológica a pessoas muitas vezes já bastantes fragilizadas pelo adoecimento e proporciona à equipe multiprofissional outro olhar sobre a faceta saúde-doença, contribuindo para a saúde integral do paciente.


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