Câncer e Suicídio em Idosos: Determinantes psicossociais do risco, psicopatologia e oportunidades para prevenção
Santos,
M. A. D. (2017). Câncer e suicídio em idosos: Determinantes psicossociais do
risco, psicopatologia e oportunidades para prevenção. Ciência &
Saúde Coletiva, 22, 3061-3075. doi:10.1590/1413-81232017229.05882016
Resenhado por Maísa
Carvalho
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o suicídio é considerado como um problema de saúde pública em virtude do
aumento exponencial de casos em todo o mundo, especialmente em idosos. O risco
é intensificado quando associado a outros fatores, como, por exemplo, a
condição de saúde. Sendo assim, considerando que o envelhecimento se configura
como principal fator de risco ao desenvolvimento do câncer, quadro clínico que
demanda alta carga emocional, torna-se relevante a avaliação de risco do
fenômeno na população geriátrica.
O artigo em questão objetivou avaliar a
literatura científica sobre os fatores de risco associados ao suicídio em
pacientes idosos com câncer. Para tal, foram selecionados 20 artigos das bases
de dados PubMed, CINAHL, PsycINFO, Lilacs
e SciELO que seguissem os critérios: (1) publicados entre janeiro de 2000 e
janeiro de 2015; (2) serem dos idiomas português, espanhol e inglês; (3) realizados
com pacientes de 65 anos de idade e mais velhos; (4) que abordassem a questão
do suicídio em pacientes oncológicos; (5) com foco em resultados decorrentes de
problemas emocionais e comportamentais, qualidade de vida ou ajustamento
psicossocial, que podem potencializar o comportamento suicida.
De acordo com os
estudos selecionados, o maior risco de suicídio em pacientes geriátricos
diagnosticados com câncer pode ser explicado com base em alguns fatores, a
saber:
1) Depressão e outras condições
psiquiátricas: O diagnóstico da depressão e suas
formas subclínicas (ex: humor disfuncional), ansiedade, sentimentos de
desesperança e demais fatores contribuintes.
2) Associação com outras condições médicas:
A presença de patologias físicas graves – tais como doenças malignas,
deficiência visual e distúrbios neurológicos –associadas ao diagnóstico de
câncer, aumentam o risco de autoextermínio.
3) Fatores sociodemográficos:
Homens brancos, solteiros, com condições de vida estressantes e com elevado
número de hospitalizações.
4) Apoio social:
Uma forte rede de suporte social está associada a menores níveis de depressão,
além de maior adesão ao tratamento.
5) Tipos de câncer:
Neoplasias de cabeça e pescoço, pulmão, brônquios e estômago são associadas a
presença de depressão.
6) Grau de estadiamento do tumor:
Pacientes com grau avançado da doença possuem maior risco de tentar suicídio.
7) Tempo de diagnóstico:
Indivíduos que possuam maior tempo de diagnóstico.
8) Comorbidades:
A junção entre a faixa etária e a deficiência no sistema imunológico decorrente
do câncer conduz a maiores chances do paciente ser acometido por outras
doenças/condições clínicas.
O diagnóstico de
quadros clínicos graves como o câncer demandam do indivíduo maior ajustamento
emocional para lidar com as adversidades decorrentes da doença e seu
tratamento, bem como outras questões que possam influenciar na sua saúde
mental. Portanto, torna-se relevante a presença do psicólogo junto a equipe de
saúde para auxiliar o paciente a lidar com suas demandas emocionais e
comportamentais, bem como a identificar aspectos que denotem risco a sua
integridade física e mental.
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