Associações entre estresse parental e práticas socioeducativas parentais em pais/mães de filhos com e sem diabetes mellitus tipo 1

Brito, A., & Faro, A. (2017). Associações entre estresse parental e práticas socioeducativas parentais em pais/mães de filhos com e sem diabetes mellitus tipo 1. Psychologica, 60, 95-111. doi: 10.14195/1647-8606_60-1_6

Resenhado por Laís Santos

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica de alta prevalência mundial e nacional, cerca de 382 milhões de pessoas, sendo que no Brasil estima-se em mais de 12 milhões. Observa-se que entre as crianças, o Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é o que mais tem crescido, ainda que o seu início possa ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento. Especificamente na infância, o diagnóstico do DM1 exige não apenas mudanças nos hábitos alimentares, mas também toda uma reorganização familiar, visto que os pais são os principais cuidadores. Pais e mães de filhos diabéticos necessitam aprender as principais práticas de cuidado associadas ao DM1 a fim de assegurar um melhor prognóstico para seus filhos, bem como auxiliá-los a enfrentar de maneira mais adaptativa e positiva a doença. Com isso, para além das exigências próprias da paternidade e maternidade, esses pais precisam adquirir novos hábitos, o que pode de certo modo inflacionar o efeito do estresse parental vivenciado por esse público e, consequentemente, refletir negativamente em suas práticas. Estima-se que níveis mais altos de estresse parental se associam a práticas parentais negativas, como a punição, estilos mais autoritários e negligentes. Além disso, o estresse parental é visto como um fator de impacto importante para o controle do diabetes das crianças.
O estudo em pauta avaliou a relação entre estresse parental e práticas socioeducativas parentais, em grupos de pais e mães com filhos com e sem o DM1. Objetivou-se também mensurar os níveis de estresse parental (baixo ou alto) e compará-los as práticas parentais utilizadas. A amostra total foi composta por 135 pais e mães (sendo 76 mães) de crianças de 3 a 15 anos de idade. Desses, apenas 45 entrevistados pertenceram ao grupo experimental (ou seja, eram pais/mães de crianças com DM1). Apesar de os pais terem pontuado abaixo do ponto de corte de 50% da escala de estresse, observou-se que em média os pais de filhos com DM1 pontuaram mais alto do que os pais de crianças sem DM1. Constatou-se ainda que os pais que foram classificados no grupo controle de baixo estresse apresentaram maiores chances de usar práticas socioeducativas de afeto, educação e disciplina.
Por fim, avaliar os fatores relacionados à interação entre pais e filhos revela-se um ponto importante, principalmente nos casos em que as crianças apresentam alguma doença crônica como o DM1. Ademais, partindo de uma perspectiva de prevenção primária e desenvolvimento positivo de crianças e adolescentes, mensurar fatores que interferem diretamente no uso de práticas socioeducativas mais positivas e adaptativas, demonstra ser um caminho importante tanto para a saúde física e mental dessas crianças, quanto para a saúde mental dos próprios pais.


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