Aspectos conceituais da conduta autolesiva: Uma revisão teórica

Santos, L., & Faro, A. (2018). Aspectos conceituais da conduta autolesiva: Uma revisão teórica. Revista Psicologia em Pesquisa, 12, 1-10.
Resenhado por Geovanna Turri

As condutas autolesivas podem ser classificadas como comportamentos diretos e deliberados de autolesão que resultam em danos físicos e psicológicos para a vítima e muitas vezes também para todo o seu meio social proximal. Considerado problema de saúde pública, Santos e Faro (2018) reúnem aspectos teóricos relevantes em relação ao comportamento autolesivo contemplando em seu estudo aspectos conceituais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos a partir de uma revisão teórica não sistemática realizada nas bases de dados Web of Science, Scielo, Pepsic e Google Scholar. As palavras-chave pesquisadas foram: autoinjúria (self injury), autolesão, cutting, caving, parassuicídio, dano autoinfligido, conduta autolesiva e comportamento autoletivo (self injurious behavior).
Tal comportamento tende a emergir e ser mais prevalente na adolescência, porém os autores também encontraram dados de engajamento em comportamentos autolesivos na infância (principalmente em crianças com alguma desordem psiquiátrica), adultez e velhice. Além disso, encontrou-se que níveis elevados de psicopatologias (como a esquizofrenia e o Transtorno de Personalidade Borderline, por exemplo), contextos traumáticos ou estressores na infância e influências negativas do meio social proximal são fatores associados ao início e manutenção da autolesão.
Não obstante, a autolesão parece servir a algumas funções específicas como a regulação emocional (minimizar afetos negativos sentidos pela vítima, suprimir pensamentos indesejados etc.), a comunicação social (ganho de atenção ou acesso a materiais, sinalizar a dor ou pedir socorro) e a aprendizagem social (tendo o comportamento sido reflexo do efeito de contágio). Os autores apresentam um modelo explicativo (modelo integrativo de Nock) que traz o comportamento como resultado da combinação de fatores biopsicossociais, mantido por ser eficaz na regulação de emoções e situações adversas.
Ademais, não foram encontradas medidas diagnósticas para a detecção da autolesão, assim como também não há um programa de tratamento específico para o comportamento. Em geral, o programa de intervenção deve ser adaptado às necessidades e sintomas de cada paciente, destacando-se a terapia cognitivo comportamental, que envolve adaptar cognições distorcidas e substituir a autolesão por alternativas comportamentais saudáveis. Tal trabalho mostra sua relevância diante das práticas autolesivas, principalmente entre adolescentes, que vêm aumentando ao passar dos anos. 

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