Autoeficácia, lócus de controle e adesão ao tratamento em pacientes com diabetes tipo 2
Santos,
C. M. D. J., & Faro, A. (2018). Autoeficácia, lócus de controle e adesão ao
tratamento em pacientes com diabetes tipo 2. Revista da SBPH, 21,
74-91.
Resenhado por Daiane Nunes
Atualmente, mais de 400 milhões de
pessoas vivem com diabetes no mundo, sendo o Diabetes Mellitus (DM) 2 o
tipo de maior prevalência no número total de casos. Os cuidados no manejo da
doença envolvem dieta alimentar, exercícios físicos, ingestão de antidiabéticos
orais e/ou injeções de insulina e automonitoração constante do nível de glicose
no sangue. A não adesão ao tratamento é reconhecida como umas das principais
causas do surgimento de complicações e produz uma série de consequências na
qualidade de vida do paciente. Diferentes fatores estão associados à adesão,
entre eles, os relacionados ao paciente, incluindo suas crenças, percepções,
conhecimentos sobre sua doença, atitudes, expectativas e motivação diante do
tratamento, bem como algumas variáveis psicológicas como a percepção de lócus
de controle e de autoeficácia.
A autoeficácia é definida como a crença
que o indivíduo tem sobre suas capacidades em produzir um determinado
resultado, o qual irá interferir em eventos de sua vida. O lócus de controle
trata-se de um construto que diz respeito a uma tendência relativamente estável
das pessoas em explicar a causalidade dos eventos que ocorrem em suas vidas,
podendo ser determinada pela sua própria conduta (lócus de controle interno) ou
por fatores externos (lócus de controle externo). Ambas as variáveis exercem
papel importante na adoção de comportamentos em saúde e podem influenciar no
manejo do tratamento do DM Tipo 2. Diante disso, o estudo em questão teve como
objetivo analisar como as variáveis autoeficácia, lócus de controle,
sociodemográficas e clínicas influenciam no processo de autocuidado dos pacientes,
buscou-se também identificar os principais preditores da adesão desses
pacientes.
A amostra foi constituída por indivíduos
com DM Tipo 2
de ambos os sexos, que realizavam acompanhamento há mais de seis meses com
equipe de Saúde da Família de Itabaiana - SE. Os instrumentos utilizados
incluíram um questionário sociodemográfico e clínico, o Questionário de
Atividades de Autocuidado com o Diabetes (QAD), a versão brasileira da Diabetes Self-Efficacy Scale (DSES) e a
Escala de Lócus de Controle Multidimensional de Levenson. Os procedimentos para
análise dos dados incluíram análises exploratórias-descritivas e testes
inferenciais. Realizou-se análise de Regressão Logística Múltipla a fim de
verificar o poder preditivo das variáveis independentes sobre a adesão.
No que se refere aos fatores
psicológicos, as variáveis preditoras da adesão ao tratamento foram o Lócus de
controle – Internalidade [IHLC] (OR = 2,3; p = 0,001) e a Autoeficácia
(OR = 12,8; p < 0,001). No que diz respeito à autoeficácia,
indivíduos que apresentaram maior percepção de autoeficácia exibiram quase
treze vezes mais chances de compor o grupo com maior adesão ao tratamento. Quanto
ao IHLC (Internalidade), os participantes que pontuaram abaixo ou igual à média
do escore dessa variável (M = 26,18; DP = 2,82) apresentaram
maior poder preditivo de adesão, isto é, duas vezes mais chances de compor o
grupo de adesão.
Em suma, evidenciou-se
que a percepção das capacidades e do controle das ações voltadas para o
autocuidado se comportou como fatores relevantes no manejo do tratamento do
diabetes, devendo ser consideradas em pesquisas e em intervenções de caráter
preventivo, voltadas para o autocuidado em diabetes.
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