Satisfação com a imagem corporal em mulheres gestantes e não gestantes
Teixeira, F. A.,
Schneider, V. L. P., Wolpe, R. E., & Sperandio, F. F. (2015). Satisfação
com a imagem corporal em mulheres gestantes e não gestantes. ABCS
Health Sciences, 40(2), 69-74.
Resenhado por Gabriela de Queiroz
A gestação, apesar de ser conhecida
como um momento especial na vida da mulher, pode também caracterizar-se como um
período conturbado e de muitas mudanças – físicas, metabólicas, hormonais e
emocionais. Dentre tantas transformações, destacam-se as modificações
corporais, que demandam um processo de ajustamento a uma nova imagem corporal.
A Imagem Corporal (IC) é um construto
dinâmico, singular e multifacetado, formado por componentes atitudinais e
perceptivos que compõem uma representação mental do próprio corpo. As
transformações decorrentes da gestação justificam as dificuldades de aceitação corporal
que algumas mulheres podem apresentar. Diante disto, o estudo propôs analisar a
percepção da IC de gestantes e compará-las com um grupo de mulheres não
gestantes.
A amostra foi composta por 60
mulheres do Estado de Santa Catarina, divididas em 4 grupos: grupo 1 (G1),
mulheres na 16ª semana de gestação; grupo 2 (G2), gestantes na 26ª semana;
grupo 3 (G3), mulheres na 36ª semana, e grupo 4 (G4), composto por não gestantes.
Para a coleta das informações, utilizou-se um questionário para caracterizar sociodemograficamente
as participantes. Para classificação do estado nutricional da gestante, foram utilizados
os pontos de corte estabelecidos pelo Ministério da Saúde; por fim, para
avaliar a percepção da IC, utilizou-se a Escala de Desenhos de Nove Silhuetas.
Entre os resultados, constatou-se
ganho de peso significante entre o G1 e G3, mas não entre o G2 e G3. Ao comparar
G1, G2 e G3 com o G4, observou-se diferença estatisticamente significante
quanto ao ganho de peso. Na comparação de silhuetas, praticamente todas as
mulheres da amostra consideraram que a silhueta ideal é menor do que sua
silhueta atual. Constatou-se que as gestantes com 16 semanas perceberam o seu
corpo de forma similar às gestantes com 36 semanas, enquanto as gestantes com 26
semanas perceberam alterações maiores na forma corporal do que as do G3.
Ao analisar a IC de gestantes e
compará-las com as não gestantes, o estudo concluiu que as mulheres sugeriram
um aumento de uma ou duas silhuetas corporais, independentemente de sua idade
gestacional. Quanto à diferença na percepção corporal entre gestantes e não
gestantes, não foi possível observar alterações significativas entre os grupos,
o que pode refletir a tendência atual das mulheres de não se satisfazerem com suas
imagens corporais. Por fim, sugere-se a realização de estudos longitudinais com
gestantes, bem como destaca-se a necessidade de validação de uma escala de
silhuetas para mulheres gestantes, a fim de apresentar dados mais específicos e
comparações mais relevantes dentro da temática.
Para a psicologia da saúde, faz-se
necessário compreender as questões que relacionam-se à evidente insatisfação
feminina com a própria imagem, bem como o processo de ajustamento à uma nova
imagem corporal durante o período gestacional, que envolve aspectos emocionais,
cognitivos e comportamentais.
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