Estratégias de enfrentamento e o sofrimento de mães de filhos com paralisia cerebral
Nascimento, A. O., Faro, A.
(2015). Estratégias de enfrentamento e o sofrimento de mães de filhos com
paralisia cerebral. Salud&Sociedad, 6(3),
195-210.
Resenhado por Ariana
Moura
A Paralisia Cerebral (PC) pode ser
entendida como um distúrbio permanente que provoca deficiência nos movimentos e
na postura, devido à lesão não progressiva no cérebro, no começo da vida. A pessoa com PC necessita de cuidados
especiais e na maioria dos casos a mãe é responsável por tal zelo.Todo esse
tempo de dedicação tende a se configurar como estressor e pode gerar estresse
crônico. Diante desse estresse, o cuidador precisará utilizar estratégias para
lidar com as situações impactantes que fogem da sua capacidade de suportar ou
solucionar, o que é chamado de enfrentamento.
O objetivo da pesquisa foi identificar
as mudanças ocorridas na vida de cuidadoras de crianças e adolescentes com PC e
quais os impactos e as estratégias de enfrentamento desenvolvidas por elas. Participaram
do estudo 11 mães. Os discursos das mães foram categorizados em três classes: na
primeira classe, englobaram falas referentes ao parto, diagnóstico, primeiras
informações sobre a PC e decisões a serem tomadas pelas mães posteriormente. A
segunda classe trouxe principalmente a discriminação da sociedade e,
secundariamente, a rejeição inicial das próprias mães. Já a terceira classe
tratou da família como principal fonte de apoio nos diferentes momentos da
trajetória do cuidado.
A partir dos resultados encontrados,
observou-se que, apesar de saber das limitações e impossibilidades que a PC
acarreta, as mães tenderam a se apegar à fé religiosa, criando a expectativa de
que o prognóstico do filho não será tão limitante. Tal estratégia pareceu
facilitar a adaptação de algumas mães nos anos iniciais dos filhos, visto que,
passado este momento primeiro de enfrentamento, os discursos passaram a ser
mais carregados de resignação.
Diante do exposto, é importante pontuar
a necessidade de que se desenvolvam programas educativos nos serviços de saúde,
a fim de que os profissionais de saúde possam mais bem atender e orientar as
mães sobre a PC, já que o diagnóstico e as primeiras mudanças advindas foram
relatados como períodos de maior transformação na vida das mães.Levando
em consideração que o cuidador na maioria das vezes dedica-se exclusivamente
aos cuidados do filho doente e coloca em segundo plano todos os outros aspectos
de sua vida. O psicólogo pode contribuir auxiliando no resgate da
individualidade do cuidador, fornecendo-lhe suporte para cuidar da própria
saúde e qualidade de vida e ajudá-lo a encontrar um lugar apropriado para o
paciente em sua vida, lembrando-o que a vida não se resume apenas ao ato de
cuidar.
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