Adesão ao tratamento e lócus de controle em hipertensos

Souza, G. S., & Faro, A. (2015). Adesão ao tratamento e lócus de controle em hipertensos. Veredas Favip-Revista Eletrônica de Ciências, 8, 5-19.

Resenhado por Luana Santos

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é caracterizada por níveis elevados de Pressão Arterial (PA). Essa doença se tornou um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil e do mundo, elevando a taxa de morbimortalidade entre mulheres e homens. Na HAS, o controle da PA é o principal objetivo do tratamento, buscando promover o autocuidado do paciente e adaptação à doença. No entanto, o comportamento que o indivíduo tem diante da doença pode elevar ou não a probabilidade de adesão ao tratamento. A adesão ao tratamento é a extensão em que o comportamento do indivíduo coincide com seu tratamento de saúde e a não adesão ocorre quando os pacientes não tomam cerca de 80% dos medicamentos prescritos para sua doença. Diante disso, Souza e Faro (2015) buscaram analisar as relações entre adesão e lócus de controle em hipertensos.
Para tanto, participaram 176 adultos hipertensos, que estavam em tratamento com anti-hipertensivos. Foram aplicados um questionário com variáveis sociodemográficas, clínicas e hábitos de saúde, a escala de Adesão Terapêutica de oito itens de Morisky e a escala Multidimensional Health Locus of Control.
Observou-se, por meio da escala de adesão, que a maior parte dos participantes apresentaram adesão acima da média, enquanto a minoria pontuou adesão abaixo da média. Já o escore da pontuação fornecido pela escala de lócus de controle mostrou que a maioria dos participantes são internalizantes e a minoria pode ser classificada como externalizante. Os participantes se caracterizaram por ter, em sua maioria, boa adesão ao tratamento e serem internalizantes (lócus de controle interno). Embora a maior parte da amostra tenha sido de sujeitos internalizantes, os resultados mostraram que os sujeitos que mais aderem ao tratamento são, em sua maioria, externalizantes (possuem lócus de controle externo).
Os autores discutem os dados apontando que a literatura em saúde aborda o sujeito internalizante como sendo propenso a aderir mais ao tratamento, além de buscarem mais informações a respeito de sua doença, pois acreditam que são responsáveis por seu tratamento e adaptação. No entanto, nesta pesquisa, as pessoas que mais aderiram ao tratamento foram os externalizantes, indo em contraposição ao que é comumente encontrado na literatura, que aborda o sujeito externalizante como aquele que adere menos e costuma ter mais comportamentos prejudiciais à sua saúde. Talvez este resultado esteja ligado ao fato de que pessoas com lócus de controle externo têm grande confiança no agente terapêutico e, teoricamente, estariam mais predispostas a se submeter a um dado procedimento, além de serem considerados pacientes menos graves.
Esta pesquisa revelou que o processo de adesão terapêutica vai, como esperado, além das questões biológicas, sofrendo influência de fatores psicológicos. O estudo contribuiu para a identificação de um processo comportamental (adesão) e psicológico (atribuição de causalidade) que serve para a divulgação da importância de um cuidar que reconheça aspectos subjetivos e clínicos que estão envolvidos ao longo do acompanhamento terapêutico.

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