Escala de autoestima de Rosenberg (EAR): Validade fatorial e consistência interna

Sbicigo, J. B., Bandeira, D. R., & Dell’Aglio, D. D. (2010) Escala de autoestima de Rosenberg (EAR): validade fatorial e consistência interna. Psico-USF, 15(3), 395-403. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712010000300012.

Resenhado por Lizandra Menezes
A autoestima é entendida como um conjunto de pensamentos a respeito do potencial e capacidade que o sujeito tem sobre si, possuindo estreita relação com a percepção de autoimagem. Essa percepção sobre si influencia na forma como o indivíduo projeta suas metas e objetivos presentes e futuros. Tal fenômeno pode ser entendido como uma característica ligada a personalidade e, em níveis baixos, resulta em problemas comportamentais na adolescência como, por exemplo, agressão e delinquência. A autoestima implica no ajustamento psicossocial, sendo considerada um indicador de saúde mental. Sua mensuração pode ser feita através de medidas de autorrelato como a Escala de Autoestima de Rosenberg (EAR). Trata-se de uma escala do tipo Likert, com uma pontuação de quatro cortes (variando entre “concordo totalmente” e “discordo totalmente”). Originalmente, esse instrumento é composto por 10 afirmações, sendo cinco relacionadas a autoconceito positivo e os outras cinco, negativo.
O presente estudo objetivou analisar as propriedades psicométricas da EAR, em função de uma discussão teórica a respeito do seu modelo fatorial. Para tanto, utilizou-se uma amostra de 4.757 participantes, adolescentes entre 14 e 18 anos (M = 15,77; DP = 1,22) em situação de vulnerabilidade social, sendo oriundos das regiões Norte (3,7%), Nordeste (14,2%), Noroeste (15,5%), Centro-Oeste (11,6%), Sudeste (41,5%) e Sul (13,5%). Aproximadamente 36% cursavam ensino fundamental (entre a quarta e a oitava série) e 64% estava no ensino médio.
A análise fatorial exploratória, por meio do método de extração dos componentes principais e rotação oblimin, bem como consideração dos critérios de Kaiser (eigenvalue > 1), Cattell (scree plot) e de Horn (análise paralela), sugerem estrutura bidimensional, a partir da qual 51,4% da variância foi explicada. Com relação às análises de consistência interna (por meio do coeficiente alfa de Cronbach, confiabilidade composta e variância extraída) foram encontrados bons valores de fidedignidade. Com relação ao sexo, diferenças nos escores de autoestima não foram observados. Tais resultados possibilitaram a conclusão de que o instrumento possui bons parâmetros psicométricos e confiabilidade para aplicação na população brasileira.
Compreender como se processa a autoestima é importante na psicologia em vista de se tratar de uma característica que influenciam na forma como o sujeito apreende o mundo e a si mesmo. Por essa razão, para contribuir com o avanço científico dessa profissão enquanto ciência, a criação e adaptação de medidas objetivas de variáveis psicológicas é bastante necessário no cenário atual.

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