A capacidade de resiliência e suporte social em idosos urbanos
Silva Júnior, E. G., Eulálio, M. D. C., Souto,
R. Q., Santos, K. D. L., Melo, R. L. P. D., & Lacerda, A. R. (2019). A
capacidade de resiliência e suporte social em idosos urbanos. Ciência
& Saúde Coletiva, 24, 7-16.
Resenhado por Sara Andrade
Os
aspectos protetivos ou de risco do envelhecimento são frequentemente alvos de
pesquisas, dentre as variáveis protetivas mais investigadas estão a resiliência
e o suporte social. A resiliência é entendida como um processo no qual o
individuo é capaz de enfrentar adversidades e eventos estressores da vida,
respondendo de forma eficiente e adaptativa, enquanto o suporte social diz
respeito a aspectos das relações interpessoais, vinculado à percepção de apoio
recebido nas interações sociais. Ambos os aspectos são vistos como positivos e
contribuintes para um envelhecimento saudável.
O estudo buscou identificar as
associações entre resiliência e variáveis sociodemográficas (sexo,
idade, renda, estado civil, arranjo de moradia e religião),
bem como possíveis correlações entre resiliência e suporte social em um grupo
de 86 idosos residentes em Campina Grande – PB. Foram utilizados um questionário sociodemográfico, a Escala
de Resiliência e a Escala de Suporte Social. Para averiguar as associações
entre variáveis realizaram análises descritivas (frequências relativa e
absoluta, média, desvio-padrão, mínimo e máximo) e inferenciais (teste de
qui-quadrado, correlação de Pearson e regressão linear).
A
média de idade foi de 75,7 anos (DP = 5,35) e houve o predomínio
do sexo feminino na amostra (72,1%; n = 62). A maior parte dos idosos se
declararam: casado (48,8%; n
= 42), aposentado (76,7%;
n = 66), que cursou os anos iniciais do
ensino fundamental (40,7%; n
= 35) e professando algum tipo de
religião (87,2%;
n = 75).
Os
resultados apontaram alta capacidade
de resiliência nos idosos (M = 134,37; DP = 16,6) e moderado
índice de suporte social (M = 17,36; DP = 2,77). Através
do teste qui-quadrado percebeu-se associação significativa apenas entre
resiliência e religião (c² = 0,30; p = 0,027). Também
foi observada uma correlação fraca e positiva entre o fator independência e determinação
da Escala de Resiliência com o suporte social (p = 0,005). A análise de
regressão linear apontou que o suporte social não foi uma variável preditiva
para a capacidade de resiliência nos idosos.
Os autores explicaram
a associação entre resiliência e religião com o fato desta última remeter à
ideia de significado e propósito maior de vida, possível fator desencadeante de
superação das adversidades vivenciadas. Os resultados apontam que a falta de
capacidade preditiva do suporte social sobre a resiliência dos idosos
pesquisados, vai de encontro aos dados que indicam efeitos diretos deste e das redes
sociais na promoção e potencialização da resiliência.
Em função dos
achados, os autores salientaram a necessidade de utilizar instrumentos mais
precisos para averiguar a relação entre suporte social e resiliência, bem como
de pesquisas com abordagens qualitativas. A Psicologia da Saúde faz seu papel
nessa temática por possibilitar a construção de subsídios teóricos e
estratégicos para a intervenção na esfera relacional dos idosos, e também
proporcionar entendimento acerca dos processos de adaptação deste grupo rumo a
um envelhecimento saudável.
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