Abordagem do Idoso em Programas de Saúde da Família


Silvestre, J. A., & Costa Neto, M. M. D. (2003). Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cadernos de Saúde Pública19, 839-847.

Resenhado por Maria Clara

Em dezembro de 1999, em concordância com a Comissão Intergestores Tripartite e o Conselho Nacional de Saúde, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Saúde do Idoso, que determinou que órgãos e entidades relacionadas com o tema da política aprovada readequassem seus planos, projetos e atividades afim de contemplar as novas diretrizes nela estabelecidas.
A Política confere que o principal prejuízo proveniente da senescência é a perda da sua capacidade funcional. Dados de estudos realizados à época no país demonstram que cerca de 40% dos idosos de 65 anos ou mais necessitavam de apoio em pelo menos uma atividade instrumental de vida diária, e que 10% precisam de auxílio para realizar tarefas básicas. Desta forma, as diretrizes da Política Nacional do Idoso são pautadas numa proposta de envelhecimento saudável e manutenção ou reabilitação da capacidade funcional, visando a permanência do idoso na comunidade, junto a sua família, de forma digna e confortável. A atenção básica de saúde deve abarcar o cuidado comunitário do idoso através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) sob a Estratégia de Saúde da Família.
Em 1994, a Estratégia em Saúde da Família foi instituída afim de romper com o modelo hospitalocêntrico vigente através das UBS. Essa organização possibilita a integralidade da assistência, criação de vínculo e responsabilidade compartilhada, compreendendo a saúde de maneira abrangente. A Estratégia de Saúde da Família deve almejar a manutenção do estado de saúde do indivíduo idoso, requerendo ao máximo a independência funcional e autonomia numa perspectiva integrativa da saúde.
No entanto, a formação dos profissionais está muito aquém do necessário. Comumente vemos as formações em saúde ainda bastante enrijecidas na perspectiva biologizante, considerando pouco a integralidade dos indivíduos. A lógica de funcionamento da Estratégia de Saúde da Família demanda uma prática extensiva que contemple todas as facetas do ser humano visto que atua principalmente no âmbito social, em toda a comunidade em que a Unidade se encontra instalada. A Psicologia enquanto ciência que perpassa o campo da saúde, das ciências humanas e sociais pode conceder arcabouço teórico e recursos para os cursos de formação desses profissionais para educação em saúde e apoio na ampliação da visão do cuidado humanizado a fim de que os indivíduos idosos recebam assistência global.

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