Autoavaliação de saúde e comportamentos de cuidado entre homens idosos
Borges, L. M., & Seidl, E. M. F. (2012). Percepções
e comportamentos de cuidados com a saúde entre homens idosos. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(1), 66-81.
Resenhado por Laís
Santos
Os indicadores de saúde apontam que tanto
internacional quanto nacionalmente, homens tendem a morrer mais cedo, a se
engajarem menos em comportamentos saudáveis e a buscar com menor frequência os
serviços de saúde em comparação às mulheres. Em geral, os homens são mais
vulneráveis ao adoecimento e agravamento de doenças já existentes. Dessa forma,
a saúde do homem se mostra um tema relevante no âmbito de políticas de
intervenção, principalmente no que tange à identificação dos determinantes
sociais que afastam ou facilitam a prevenção e prática de comportamentos de
saúde por parte dos homens e, consequentemente, aumentam sua qualidade e
expectativa de vida.
Dado o exposto, essa pesquisa objetivou
identificar, a partir da perspectiva de idosos do sexo masculino, quais fatores
influenciam seus comportamentos de prevenção e promoção de saúde. Para tanto,
participaram do estudo dez idosos, residentes no Distrito Federal, cujas idades
variaram dos 61 aos 81 anos. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada, com
oito questões baseadas na autoavaliação do participante sobre a sua saúde e
fatores interventores. Realizou-se uma análise de conteúdo das entrevistas,
gerando três categorias: determinantes da saúde pessoal, comportamentos de
autocuidado e barreiras ao autocuidado masculino.
Na primeira categoria de análise, os
principais determinantes listados versavam sobre a ausência de sintomas
físicos. O suporte familiar, principalmente das esposas e filhos, e incentivo
social para manutenção de práticas saudáveis como a atividade física, foram
outros fatores mencionados como determinantes de saúde. Os idosos apontaram o
seguimento das prescrições médicas, a adoção de estilos de vida mais saudáveis,
o cuidado com a alimentação (redução de açúcar e sal, por exemplo) e a prática
de atividade física como os principais comportamentos de autocuidado (segunda
categoria). Quanto às principais barreiras ao autocuidado masculino (terceira
categoria), foram elencadas questões econômicas e do cotidiano (como a falta de
tempo para cuidar da saúde), as dificuldades para acessar os serviços de saúde
(longas filas, principalmente quanto aos serviços especializados) e descrença
em relação à efetividade do atendimento (terceira categoria). Outras barreiras
mencionadas - esferas intrapessoal e cultural - dizem respeito ao medo, as
preocupações, e até mesmo a vergonha que alguns homens sentem de buscar
atendimento médico, principalmente no que tange a determinados tipos de exame e
patologias, dificultando o acesso e as práticas de prevenção.
Por fim, à Psicologia cabe o papel de
investigar e promover ações educacionais voltadas para esse público, a partir
dos determinais sociais e culturais que influenciam a adoção de tais
estratégias. Dessa forma, essas ações irão refletir não apenas na redução dos
gastos em menores gastos públicos, como também proporcionar mais qualidade de
vida para homens idosos, estimulando-os a vivenciar o envelhecimento de modo
mais saudável.
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