Compreensão neurobiológica da dor persistente
Brodal, P. (2017). A neurobiologist’s attempt to
understand persistent pain. Scandinavian Journal of Pain, 15,
140–147. doi:10.1016/j.sjpain.2017.03.001
.
Resenhado por Danielle Alves Menezes
A
dor persistente é um fenômeno complexo, pois pesquisas realizadas até o momento
ainda não esclareceram as razões pelas quais pessoas com patologias semelhantes
podem sofrer de modos diferentes. Diante disso, Brodal (2017) afirmou que pode
ser aconselhável adotar uma “visão panorâmica” em vez de abordar fatores
individuais em detalhes, envolvendo a complexidade do cérebro e os fatores que
determinam a vida mental e comportamento humano.
Como
ponto de partida, Brodal sugeriu entender que a dor é exatamente como a pessoa a
descreve; a causa da dor, no entanto, pode estar localizada em algum outro
lugar ou não ser aquilo em que a pessoa acredita. A ativação da rede neural da
dor independe da ameaça ao organismo propriamente e parece se relacionar mais
com a experiência de dor. Um exemplo típico disso seria a indução de dor por
meio da hipnose.
A
“checagem” pelo cérebro, especialmente pelo o córtex pré-frontal, de que existe
ameaça depende da integração e interpretação de informações que respondam a
questões do tipo: a homeostase corporal é ameaçada? Quão séria é a ameaça? O
que a ameaça significa?
O
envolvimento do córtex pré-frontal medial na experiência de dor parece particularmente
relevante, uma vez que se pensa que esta região está implicada na produção de
significado de sensações a partir do próprio corpo. Isso explicaria a razão
pela qual a dor persistente influenciaria a maioria dos processos cognitivos e
emocionais. Porém, o conhecimento mais detalhado sobre isso não responde às questões
clinicamente mais importantes, a saber, o que “impulsiona” a rede de dor em uma
pessoa e o que determina que sinais nociceptivos sejam impedidos de evocar dor
em outra pessoa com lesão ou doença muito semelhante?
Para
responder a essas perguntas, Brodal colocou que é preciso ir além do nível
biológico e mecanicista e buscar o significado que a pessoa atribui à dor. A
intensidade do sofrimento é largamente determinada pelo que a dor significa
para o paciente. Qualquer que seja a causa da dor, o medo de consequências
futuras influenciará sua intensidade e desagrado: a dor significa sofrimento
prolongado ou morte? Isso impedirá de perseguir atividades e objetivos que são
caros? Pode-se perder o trabalho ou enfrentar problemas econômicos e isolamento
social? Medo e ansiedade estariam intimamente associados ao significado que a
pessoa atribui à dor - eles seriam aspectos do mesmo fenômeno.
Em
resumo, é possível reiterar que dado o fato da psicologia da saúde ser uma especialidade
que investiga variáveis moderadoras e mediadoras dos diversos comportamentos em
saúde, ela possui importância fundamental no esclarecimento dos fatores que
podem levar a predisposição à persistência da dor.
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