Enfrentamento evitativo media a relação entre a autoeficácia para a revelação do HIV e sintomas de depressão entre homens que fazem sexo com homens recém diagnosticados com HIV
Cherenack, E. M., Sikkema, K. J., Watt, M. H., Hansen,
N. B., & Wilson, P. A. (2018). Avoidant coping mediates the relationship
between self-efficacy for hiv disclosure and depression symptoms among men who
have sex with men newly diagnosed with HIV. AIDS and Behavior, 22(10),
3130–3140. doi: 10.1007/s10461-018-2036-2
Resenhado por
Geovanna Turri
Os autores iniciam o texto narrando que homens
que fazem sexo com homens (HSH) representam 67% dos novos diagnósticos de HIV
nos Estados Unidos, motivando diversos estudos na área acerca da saúde mental e
dos estressores psicossociais presentes nas vidas desses homens. Receber o
diagnóstico de HIV pode ser um evento estressor forte, sendo assim, torna-se
relevante identificar e entender como tal público vivencia o estresse, cria
estratégias de enfrentamento e lida com a depressão que pode ocorrer após o
diagnóstico. Para os autores, o diagnóstico precoce do HIV e o entendimento das
variáveis estresse, depressão e enfrentamento servem para reduzir a transmissão
secundária, melhorar o envolvimento no tratamento e o bem-estar de forma geral.
Dessa forma, examinaram o enfrentamento evitativo, a autoeficácia diante da
possibilidade de revelação do diagnóstico do HIV e a depressão entre HSH que
mantiveram comportamento sexual de risco antes do diagnóstico.
Foram coletadas informações por meio de
uma pesquisa transversal, tendo como amostra HSH acima de 18 anos que haviam
sido diagnosticados com HIV nos últimos 3 meses anteriores a coleta e que tiveram
relação anal sem preservativo com um homem nos 3 meses antes de receber o
diagnóstico de HIV. Para testar a mediação entre as variáveis, regressões
lineares múltiplas foram conduzidas. A autoeficácia para decisões de revelação
do HIV mostrou uma relação linear negativa com sintomas de depressão e 99%
dessa relação foi mediada pelo enfrentamento evitativo. O índice de mediação da
autoeficácia na depressão indicou um efeito que varia de pequeno a médio. Maior
autoeficácia foi relacionada ao enfrentamento menos evitativo, enquanto menor
enfrentamento evitativo se relacionou à diminuição dos sintomas de depressão. Para
Cherenack et al. (2018), a taxa de depressão foi elevada na amostra do estudo (48,9%),
indo ao encontro de outros estudos com amostras semelhantes. Os resultados
mostraram que todos os cruzamentos do modelo de mediação foram significativos
quando a variável ‘revelação do diagnóstico de HIV’ para os parceiros sexuais
foi controlada. Revelar o diagnóstico para parceiros sexuais não foi associado
com enfrentamento evitativo ou depressão. Esta descoberta demonstra a
importância da autoeficácia no momento de decidir se revelará o diagnóstico do
HIV ou não, destacando o papel dos fatores cognitivos e emocionais na promoção
do enfrentamento evitativo e da depressão.
O presente estudo se mostra de extrema
relevância ao fornecer suporte empírico para a associação entre autoeficácia e
enfrentamento evitativo. Para os autores, a relação entre autoeficácia e
enfrentamento evitativo pode ser bidirecional, sendo importante reconhecer o
potencial das avaliações de autoeficácia que impactam nos tipos de estratégias
de enfrentamento utilizadas. Em conclusão, essas descobertas são importantes
dentro da Psicologia da Saúde, pois destacam o papel do enfrentamento evitativo
na explicação da relação entre a autoeficácia para decisões de revelação do HIV
e depressão. Os resultados forneceram evidências de que as intervenções para
melhorar a autoeficácia e o enfrentamento podem ser úteis para reduzir os
sintomas depressivos e melhorar as vidas de HSH recém-diagnosticados com HIV.
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