Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos: Conceitos, Estudos e Perspectivas
Monteleone, T. V.
& Witter, C. (2017). Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos:
Conceitos, Estudos e Perspectivas. Psicologia:
Ciência e Profissão, 37(1), 48-61.
Resenhado por Michelle Leite
O movimento da Prática Baseada em Evidências da Psicologia (PBEP)
iniciou-se na década de 50 e defende que a relevância da prática psicoterápica
depende intimamente de evidências empíricas que indiquem os resultados de suas
intervenções. O processo psicoterapêutico com idosos é pouco discutido pelos
profissionais de Psicologia, o que tem produzido incertezas e pouca
confiabilidade nas intervenções realizadas. Dado o exposto, o objetivo do
artigo é apresentar o desenvolvimento histórico do conceito de PBEP, as
influências científicas, clínicas e de associações de classes nesse
desenvolvimento, bem como a integração desde modelo à pratica clínica da pessoa
idosa.
Em meados dos anos 1950, Eysenck
(1952) concluiu que as intervenções psicoterápicas utilizadas não eram mais
efetivas para a evolução do quadro do paciente do que a simples passagem do tempo.
Com este estudo, ele iniciou uma série de discussões a respeito da prática dos
psicoterapeutas da época e estimulou a produção de pesquisas empíricas que
demonstrassem os resultados das psicoterapias nas suas mais variadas vertentes.
Estudos subsequentes demonstraram
que a psicoterapia era altamente efetiva e que não existiam diferenças
significativas nas diferentes modalidades de tratamento. Iniciou-se, a partir
de então, uma nova discussão acerca de quais seriam os fatores responsáveis
pelas mudanças no processo terapêutico: fatores comuns ou fatores específicos
de cada abordagem psicoterápica. A Divisão 12 da APA considerou ambos os
fatores e se tornou mais rigorosa nos procedimentos que atestam a validade
empírica dos tratamentos.
Revisões sistemáticas que
correlacionam o conceito de PBEP com a população idosa foram realizadas visando
situar os tratamentos mais efetivos para cinco queixas clínicas comuns nessa
faixa etária: depressão, insônia, ansiedade, sobrecarga no cuidador e
distúrbios comportamentais na demência. Para esses estudos serem classificados
como uma prática com base em evidências, os resultados deveriam indicar que o
tratamento era melhor do que uma condição controle ou comparável a um
tratamento baseado em evidências já estabelecido. É estipulado por um manual de
codificação que um tratamento é considerado melhor quando pelo menos 50% das
medidas de resultados que avaliam o problema alvo forem estatisticamente
significativas (<0,05). Como
resultado, foram classificados como tratamentos baseados em evidências: Terapia
Cognitivo-Comportamental; Treinamento de Relaxamento; Terapia Cognitiva;
Terapia de Suporte; Terapia de Restrição de Sono; Terapia de Resolução de
Problemas; Psicoeducação para Construção de Habilidades; Aconselhamento
Psicoterápico e Intervenção com Multicomponentes.
Apesar das PBEP mencionadas, a busca
por mais evidências de resultados de intervenções psicoterápicas na população
idosa ainda é deficitária, com poucos estudos e revisões com critérios discutíveis.
A adoção de novos critérios se faz necessária, como delineamentos experimentais
de caso-único, não limitando a amostra a apenas ensaios randomizados; a
utilização de meta-análises como forma de mensuração dos efeitos; além de
considerar critérios culturais, sociais e econômicos. Tais estudos são
fundamentais para a construção de um conhecimento mais robusto da ciência
psicológica.
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