O tratamento do medo de alturas
Coelho,
C., Pocinho, M., & Silva, C. (2008). O tratamento do medo de alturas. Psicologia Argumento, 26 (53), 99-108.
Resenhado por Mariana Serrão
A ansiedade
fóbica, segundo a teoria comportamental, é considerada uma resposta
condicionada desencadeada pelo estímulo vinculado à situação fóbica. Indivíduos
que têm algum tipo de fobia têm um comportamento evitativo em relação à
situação ou objeto fóbico e esse comportamento pode ser responsável pela manutenção
da fobia. Quando o sujeito não entra em contato com o estímulo fóbico, ele não
experiencia os sintomas ansiosos associados aos mesmos. Atualmente o tratamento
considerado mais eficaz relacionado a fobias é a técnica de dessensibilização sistemática,
que faz com que o paciente deixe de evitar as situações ou o objeto fóbico. É
uma exposição realizada aos poucos, a medida que o cliente se sinta a vontade e
seguro para encarar os estímulos fóbicos. Juntamente com a exposição, são
trabalhadas técnicas de relaxamento para serem utilizadas no momento da dessensibilização.
No decorrer das sessões e na evolução do paciente é dado um feedback positivo
pelo terapeuta, a fim de ressaltar e reforçar o cliente à medida que ele vai se
expondo gradualmente ao seu medo.
O objetivo desse
tratamento é que o indivíduo perceba, a partir da exposição gradual ao estímulo
fóbico, que a sua percepção do perigo é distorcida, o que gera uma diminuição
dos sintomas ansiosos. Ao diminuir a ansiedade, é provável que o comportamento
de evitação, aos poucos, entre em extinção.
No que diz
respeito à cognição, pessoas com acrofobia (medo de altura) costumam ter
crenças catastróficas em relação ao que pode surgir quando estão em locais
altos. Alguns pensamentos são: a estrutura irá colapsar, um forte vento
subitamente irá soprar e levá-los do prédio, ou que, acidentalmente, cairão da
varanda de um teatro. Esses pensamentos irracionais acontecem de forma
persistente em locais altos e são repetidos pelos indivíduos quando entram em
situações fóbicas. As cognições são importantes nas fobias, essencialmente para
a manutenção do comportamento fóbico. As expectativas, crenças de controle e interpretações
catastróficas têm um papel importante na ansiedade e nos ataques de pânico. A
ausência de controle percebido numa situação potencialmente aversiva gera medo,
sendo que a percepção de que é capaz de lidar com a situação fóbica reduz a
ansiedade.
O papel do
psicólogo nas fobias é essencial para o auxílio nas mudanças de crenças
disfuncionais e pensamentos distorcidos, tanto por meio de técnicas cognitivas,
bem como utilizando técnicas comportamentais, como por exemplo, a
dessensibilização sistemática que é considerada para as fobias uma das técnicas
mais efetivas.
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