Repercussões psicológicas após um acidente vascular cerebral (AVC): Uma revisão de literatura


Reis, C., & Faro, A. (2019). Repercussões psicológicas após um acidente vascular cerebral (AVC): Uma revisão de literatura. Psicologia, Saúde & Doenças20(1), 16-32. doi: 10.15309/19psd200102

Resenhado por Gabriela de Queiroz

               O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é caracterizado como uma deficiência neurológica ocasionada por uma lesão aguda na área vascular do sistema nervoso central, sendo responsável por 27% das internações e a apontada como a terceira causa de morte, em todo o mundo. Contudo, maior do que o número de mortes decorrentes do AVC é o montante de pessoas com sequelas da doença, cujas limitações cognitivas e motoras atingem até 80% dos pacientes. Diante disso, a vítima pode tornar-se dependente de cuidadores, inclusive para atividades corriqueiras como alimentar-se e tomar banho.
          Além das limitações físicas e cognitivas, as sequelas do AVC repercutem no âmbito social e financeiro, acarretando, por exemplo, na impossibilidade de trabalhar e no aumento dos gastos decorrentes da doença. Somando estes fatores às demais limitações, é possível considerar o AVC como um evento estressor severo, tanto para o paciente quanto para seus cuidadores, o que exerce impacto direto sobre alguns componentes psicológicos, a exemplo do rebaixamento da qualidade de vida.
            O presente estudo objetivou realizar uma revisão integrativa da literatura sobre as repercussões psicológicas associadas à adaptação de vítimas do AVC, descritas na literatura entre os anos de 2005 a 2018. Para isto, os achados foram organizados de acordo com o local, método e sujeitos das pesquisas revisadas, bem como por meio de seus principais resultados, viabilizando a compreensão das principais consequências psicológicas decorrentes do AVC. Os estudos foram retirados das seguintes bases de dados: Scopus, Science Direct, PEPSIC e SCIELO. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, ao longo de cada uma das etapas da revisão, chegou-se ao quantitativo de 40 artigos a serem revisados.
            Quanto aos principais resultados, em 50% (n = 20) dos artigos verificou-se a ocorrência de transtornos mentais comuns (ansiedade e depressão) pós-AVC. Doze destes 20 artigos abordaram a ocorrência da depressão; quatro dos 12 focaram na ansiedade; e os demais analisaram aspectos que podem atuar na prevenção da depressão pós-AVC. Sobre o impacto do AVC na Qualidade de Vida (QV), 25% (n = 10) dos artigos buscou investigar de que modo a QV é modificada após o AVC, e a maioria deles buscou comprovar que há um rebaixamento da QV após um AVC. Outros 25% (n = 10) da amostra buscou reforçar a visão de que o AVC se constitui como um evento estressor em virtude não só das limitações físicas e cognitivas, mas também devido ao prolongado período de recuperação que caracteriza tal condição.
              Diante das repercussões psicológicas aqui apontadas, espera-se que estes achados possam contribuir com o trabalho dos profissionais da saúde, em especial do psicólogo, para que esteja apto a prestar uma assistência integral ao paciente, compreendendo os processos psicológicos relacionados ao processo de adoecimento e traçando estratégias para melhoria da QV e diminuição da ocorrência de transtornos mentais comuns nestes indivíduos.

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