Personalidade e coping em pacientes com transtornos alimentares e obesidade
Tomaz, R., & Zanini, D. S. (2009).
Personalidade e coping em pacientes
com transtornos alimentares e obesidade. Revista Psicologia: Reflexão e
Crítica, 22(3), 447-454.
Resenhado por
Renata Elly
Os transtornos
alimentares (anorexia, bulimia e transtorno alimentar sem outra especificação),
apresentam, em geral, semelhanças na sintomatologia, tais como comportamentos
de ingestão compulsiva de alimentos, sentimento de culpa e falta de controle
alimentar. Além disso, os indivíduos apresentam uma percepção distorcida da
imagem corporal, elevada insatisfação com o corpo e o medo intenso de engordar.
Outra doença associada a alimentação é a obesidade, sendo o critério adotado
pelos autores o excesso de peso que ultrapassa o índice de massa corporal (IMC)
de 30kg/m². No Brasil, dados epidemiológicos indicam que houve um acréscimo de
70% do número de pessoas classificadas como obesas entre 1975 e 1989. O excesso
de peso está relacionado com o desenvolvimento de doenças crônicas e surgimento
de psicopatologias, como a depressão e ansiedade.
Os transtornos
alimentares e a obesidade estão associados a altos índices de mortalidade e
morbidade. O surgimento se refere a ou tem relação com fatores socioculturais,
biológicos e psicológicos. Estudos recentes apontaram a eficiência das
estratégias de coping para lidar com
essas doenças. Coping pode ser
compreendido como os esforços cognitivos e comportamentais realizados por
indivíduos frente a situações percebidas como estressantes (Lazarus &
Folkman, 1984).
O presente artigo
objetivou avaliar o uso diferencial de coping
e o perfil psicológico de pacientes com transtornos alimentares e com obesidade
e da população geral. Participaram deste estudo 109 indivíduos, sendo 30
pacientes com transtorno alimentar, 30 pacientes com obesidade e 49 sujeitos
provenientes da população em geral. Foram adotados como critérios de inclusão o
diagnóstico de transtornos alimentares e obesidade, derivados de psiquiatras e
endocrinologistas, os critérios diagnósticos da APA e da Organização Mundial de
Saúde (OMS), e idade acima de 17 anos, e excluídos da amostra os pacientes com
mais de 6 meses de tratamento psicoterápico e psiquiátrico, e com histórico de
drogadição. Na amostra da população geral incluiu-se os participantes que
situavam-se entre 20 a 30kg/m², e idade acima de 17 anos, sendo excluídos
aqueles com histórico de drogadição ou transtornos alimentares e obesidade.
Os instrumentos
adotados foram a escala de personalidade baseada na teoria do Big Five, Coping Response Inventory – Adult Form (CRI-A) e o Eating Attitudes Test (EAT-26).
Verificou-se que pacientes diagnosticados com transtornos alimentares e
obesidade não diferem significativamente no uso de estratégias de coping, quando comparados com a
população geral. Apesar da diferença não significativa, o que divergiu da
literatura sobre o tema, observou-se que pacientes com transtornos alimentares
e com obesidade utilizam mais estratégias de coping de descarga emocional (chorar, gritar ou expressar
comportamentalmente suas emoções sobre objetos ou pessoas). Portanto, é
ressaltado que os transtornos alimentares e obesidade parecem ser influenciados
por fatores de personalidade, como o neuroticismo e formas de enfrentamento
como a descarga emocional, objetivando diminuir a ansiedade sem direcionar
ações para a resolução do problema. Para a psicologia da saúde, a temática é
importante devido aos altos números nas taxas de mortalidade e a necessidade da
criação de intervenções que permitam ampliar o repertório comportamental
referente às formas de enfrentamento desse público.
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