Revisão da literatura sobre a eficácia da intervenção psicológica no tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico
Cal, S. F. L. de M. (2011). Revisão da
literatura sobre a eficácia da intervenção psicológica no tratamento do lúpus
eritematoso sistêmico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 27(4),
485-490.
Resenhado
por Joelma Araújo
O lúpus eritematoso sistêmico (LES)
é uma doença multissistêmica, crônica e autoimune. A causa ainda é incerta,
porém sabe-se que seu desenvolvimento decorre da interação entre vários
fatores, suscetibilidade genética, influências hormonais, ambientais, infecciosos
(virais) e estresse psicológico. Suas repercussões ultrapassam a dimensão
física, interferindo negativamente nas esferas social e emocional do indivíduo,
deixando-o suscetível a comorbidades, sendo as mais comuns, depressão,
ansiedade e psicose. São diversos os fatores que podem contribuir para o
desencadeamento de um desses transtornos como, inadequação dos mecanismos de
defesa, diminuição da autoestima, uso de medicamentos, conflitos
intrapsíquicos, dentre outros.
Além
disso, o autor coloca que a enfermidade pode desestabilizar o individuo, já que
modifica seu modo de vida, faz o sujeito experienciar vivências catastróficas,
uma vez que representa interrupções de planos, afastamento da família e
trabalho e, consequentemente, mobiliza sentimentos como ansiedade, tristeza, medo
e angústia. Acrescenta também que o sentido atribuído a este processo poderá
interferir no tratamento e na forma de vivenciar o momento de crise. Assim,
torna-se indispensável o acompanhamento psicológico, que contribui para melhorar
o enfrentamento.
O estudo se trata de uma revisão de
literatura sobre a eficácia da intervenção psicológica no tratamento do LES, realizada
por meio de pesquisas em bases de dados- Pubmed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),
Pepsic (Periódicos eletrônicos em psicologia), LIS-Psi (Localizador de
informação em saúde), em que foram buscados estudos publicados até junho de
2009 por meio dos descritores “psychotherapy” and “lupus”. Foram
encontrados seis artigos, sendo quatro ensaios clínicos randomizados e dois
estudos prospectivos. Cinco artigos encontraram evidências de melhora acentuada
nos pacientes que tinham acompanhamento psicológico, e apenas um não encontrou tal
evidência.
Verificou-se que a literatura aponta
alguns benefícios do acompanhamento psicológico a pacientes com LES,
independente da técnica utilizada ou de sua fundamentação teórica, sendo eles-
melhora da depressão e ansiedade, redução da dor e agravamento da doença,
habilidades de coping, além de mudanças significativas nos escores da
autoestima e na qualidade de vida do paciente. Os autores discutem assim, a importância de
inserção do psicólogo na equipe do ambulatório de reumatologia e associam a
essa falta a atual escassez de pesquisas e publicações que contemplem uma visão
psicodinâmica do LES.
Portanto, o LES deflagra manifestações patológicas
por todos os órgãos, o que acarreta mudanças drásticas de vida, levando o indivíduo
a passar por adequações e sofrimento físico e emocional, o que favorece a
vulnerabilidade a repercussões psicopatológicas. É primordial, para prover um
enfrentamento mais saudável, que o psicólogo da saúde acompanhe esses pacientes
desde o inicio do processo, ainda na investigação diagnóstica; se possível. A
partir disso, também estimular recursos de enfrentamento como o suporte social,
visando ao melhor ajustamento na enfermidade. Reforçando assim, como aponta os
autores, a necessidade do psicólogo também atender no ambulatório de
reumatologia.
Nenhum comentário: