Pontos fortes em idosos: Efeito diferencial de apreciar a vida, gratidão e otimismo no bem-estar / Strengths in older adults: Differential effect of savoring, gratitude and optimism on well-being
Salces-Cubero,
I. M., Ramírez-Fernández, E., Ortega-Martínez, A. R. (2019). Strenghts in older
adults: Differential effect of savoring, grattitude and optimismo on well-being. Aging
& Mental Health, 23(8), 1017-1024. doi: 10.1080/13607863.2018.1471585
Resenhado por Luana C. Silva-Santos
Salces-Cubero, Ramírez-Fernandez e
Ortega-Martínez (2019) tratam de características relacionadas ao envelhecimento
bem-sucedido. Consideram que isto ocorre quando o indivíduo se adapta às
mudanças nas circunstâncias da vida sem perder qualidade de vida, o que reflete
em baixo risco de doenças, altas funções física e cognitiva, além de
envolvimento em relações e atividades sociais significativas. Dessa forma, os autores objetivaram
comparar a eficácia de três intervenções baseadas no treinamento de três variáveis
distintas em idosos: gratidão, apreciar a vida (tradução livre de savoring,
“saborear”, construto relacionado à capacidade de perceber alegrias, prazeres e
sentimentos positivos oriundos de coisas simples na vida) e otimismo.
Para
tanto, participaram 124 idosos entre 60 e 89 anos, divididos em 74 mulheres e
50 homens não institucionalizados que frequentavam regularmente centros de saúde
durante o dia nas províncias de Jaén e Córdoba, localizadas no sul da Espanha.
Foram mensurados antes e depois das intervenções ansiedade e depressão (The
Goldberg Anxiety and Depression Scale), satisfação com a vida (The Satisfaction
with Life Scale), afetos positivos e negativos (The Positive and
Negative Affect Schedule), aspectos cognitivos (The Cognitive
Mini-Test), felicidade subjetiva (The Subjective Hapiness Scale)
e resiliência (The Resilience Scale). O estudo utilizou um
delineamento quase experimental de dois fatores: um fator de medidas repetidas
cobrindo três níveis de tempo (pré-intervenção, pós-intervenção e avaliação um
mês após a conclusão da intervenção) e um fator inter-sujeito com quatro níveis
(gratidão, otimismo, apreciação e controle).
Todas as intervenções iniciaram com uma
apresentação explicando aos participantes o que seria treinado em linguagem
clara, divertida e compreensível, acompanhada de material audiovisual. O grupo
cuja intervenção foi sobre a gratidão foi compelido a falar sobre coisas boas
da vida que aconteceram nos últimos seis meses, além de terem sido encorajados
a expressar todos os sentimentos e pensamentos que os levaram a ser gratos a
alguém ou algo. No grupo em que a intervenção foi sobre otimismo, a primeira
atividade foi elaborar uma lista de eventos que os participantes esperavam que
lhes ocorressem no futuro próximo, selecionar dois eventos e planejar as etapas
necessárias para atingir esses objetivos, além de terem sido trabalhados
pensamentos de barreira a partir da conscientização e reestruturação desses
tipos de pensamentos pessimistas automáticos e, por fim, foram encorajados a
compartilhar algo negativo que tenha acontecido utilizando humor (músicas,
piadas, etc.). No grupo que treinou apreciação a vida os participantes foram
convidados a trazer um objeto associado a uma memória positiva para treinar a
apreciação, focalizando o passado, cada participante fez uma caminhada
agradável apreciando os pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos
como forma de focalizar o presente e para a focalização do futuro foi incentivado
o poder da imaginação positiva, no qual os participantes imaginaram os eventos
positivos que poderiam acontecer com eles na próxima semana. Os membros do
grupo controle realizaram as atividades habituais programadas em seus
respectivos centros e participaram apenas das sessões de avaliação.
Os autores
encontraram que o treinamento relacionado à gratidão e a apreciação da vida
aumentou as pontuações nas variáveis satisfação com a vida, afeto positivo,
felicidade subjetiva e resiliência, além de reduzir em afeto negativo. Os
níveis de depressão foram diminuídos pelas intervenções relacionadas à
apreciação da vida e otimismo. Ou seja, intervenções relacionadas a melhorar as
estratégias de gratidão e apreciação da vida tendem a melhorar o bem-estar, a
felicidade e a satisfação com a vida de idosos, bem como aliviar sintomas
depressivos e afetos negativos. Tais achados representam um passo importante
para entender e melhorar o bem-estar de idosos e, consequentemente, ajuda-los a
enfrentar os desafios cotidianos e eventos adversos. Nesse sentido, a psicologia
da saúde auxilia no subsídio a intervenções que fazem parte dos programas de
acolhimento ao idoso, além de possibilitar a orientação e intervenção sobre seu
bem-estar e qualidade de vida.
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