Instrumentos para avaliação dos transtornos da personalidade no Brasil


Carvalho, L. F., Bartholomeu, D., & Silva, M. C. R. (2010). Instrumentos para avaliação dos transtornos da personalidade no Brasil. Avaliação Psicológica, 9(2), 289-298. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v9n2/v9n2a13.pdf

Resenhado por Luanna Silva

Os transtornos de personalidade se caracterizam pelo funcionamento mal adaptado da personalidade em relação ao seu ambiente. Em geral, pacientes que apresentam este diagnóstico demonstram dispor de estratégias insuficientes e ineficazes para atingir objetivos, se relacionar com outros e lidar com condições estressoras. Os primeiros sinais dos transtornos de personalidade tendem a aparecer na adolescência ou início da vida adulta e persistem ao longo da vida do indivíduo, ocasionando intenso sofrimento.
A avaliação psicológica tem como objetivo compreender o funcionamento psicológico dos indivíduos e possibilita que seja ofertado o tratamento mais adequado ao paciente. Este processo pode ser realizado por meio de entrevistas, técnicas projetivas, escalas de autorrelatos, inventários e outros. Instrumentos para avaliação dos transtornos da personalidade são escassos no contexto nacional. Em cenário internacional, é possível citar como exemplo de ferramentas mais utilizadas o Minnesota Multiphasic Personality Inventory 2 (MMPI-2), o Millon Clinical Multiaxial Inventory III (MCMI-III) e o Shedler-Westen Assessment Procedure-200 (SWAP-200).
Este estudo realizou um levantamento bibliográfico da literatura nacional no período 1999 a 2009 com o objetivo de verificar trabalhos científicos cujo foco central estivesse na avaliação de transtornos da personalidade. Após análise e consideração dos critérios de exclusão, três artigos, uma tese e duas dissertações foram selecionados. Percebeu-se que todos os estudos encontrados eram de cunho empírico, três deles concentravam-se na investigação do transtorno da personalidade antissocial e os demais apresentavam uma visão mais ampla dos transtornos.
Os instrumentos para avaliação de condição patológica mais frequentemente utilizados nas pesquisas foram o MCMI-III, a Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R) e o Rorschach, todos disponíveis no Brasil para uso clínico e em pesquisa. Não foram encontrados trabalhos que pretendessem investigar o desenvolvimento dos transtornos da personalidade ou a distribuição e incidência desses transtornos no país. Foi achado apenas um estudo que teve por objetivo desenvolver um instrumento específico para a avaliação de transtornos de personalidade no Brasil.
Os resultados deste levantamento bibliográfico demonstram a carência de trabalhos e de instrumentos de investigação específicos para a avaliação de transtornos da personalidade em âmbito nacional. Essa restrição de possibilidades de escolha instrumental é sentida pelos psicólogos, em especial aqueles recém-formados, que ainda não apresentam prática clínica extensa. Considerando que a avaliação diagnóstica se constitui como um importante elemento no processo do cuidado em saúde mental, é importante que a psicologia da saúde contribua para o crescimento de pesquisas voltadas ao desenvolvimento, adaptação e/ou validação de medidas nessa temática.

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