Intervenções cognitivas e comportamentais para manejo de insônia em pacientes oncológicos


Oliveira, C., Moraes, M., Moura, T., & Ambrósio, D. (2018). Intervenções cognitivas e comportamentais para manejo de insônia em pacientes oncológicos. Psicologia Revista, 27(1), 111-128. doi.org/10.23925/2594-3871.2018v27i1p111-128

Resenhado por Márcio Diego Reis

Em 2015, segundo estimativas do Instituto nacional do câncer (INCA), ocorreram aproximadamente 576.000 novos casos de câncer no Brasil. O câncer é a segunda maior causa de morbidade no mundo e o seu tratamento compreende intervenções cirúrgicas, farmacológicas e quimioterápicas. Apesar da evolução da terapêutica, que diminuiu o impacto causado pelo tratamento, ainda há importantes implicações que afetam negativamente o paciente. A insônia, um problema na qualidade e/ou quantidade de sono, e que apresenta como uma das características a dificuldade de iniciar ou manter o sono, surge com uma prevalência de 30% a 50% na população oncológica.
As psicoterapias cognitivo-comportamentais apresentam diversos estudos que evidenciam a eficácia de suas intervenções para a insônia, as quais, em seu eixo principal, compreendem: o relaxamento progressivo, o controle de estímulos, a terapia de restrição de sono, a higiene do sono, a reestruturação cognitiva e o mindfulness.
Neste estudo foram realizadas buscas sistemáticas de ensaios clínicos randomizados de intervenções cognitivo-comportamental para o manejo da insônia em pacientes oncológicos. As buscas aconteceram de maio a agosto de 2015 e, dentre os artigos encontrados, 8 foram selecionados. A amostra total dos artigos foi de 798 participantes, sendo a maior parte do sexo feminino.
Como principal resultado, observou-se que todas as intervenções citadas nos artigos selecionados, considerando os contextos avaliados, mostraram-se eficazes no manejo da insônia em paciente com câncer. Quando comparadas as intervenções cognitivas e o mindfulness, e seu uso no manejo da insônia, evidenciou-se que, apesar da eficácia de ambas, as intervenções cognitivas são mais rápidas e duradouras, o que corrobora com a afirmação das intervenções cognitivo-comportamentais como instrumento terapêutico eficaz no tratamento da insônia em pacientes oncológicos.
O estudo também enfatiza o abismo existente entre as realidades da pesquisa e de tratamento, visto que o tratamento da insônia está longe de ter como base de terapêutica as intervenções psicoterápicas, mas sim as intervenções farmacológicas, apesar da realidade sustentada por evidencias da eficácia das técnicas aplicadas pelos profissionais da psicologia.
Finalmente, as evidências dessa forma de tratamento têm tornado as intervenções cognitivo-comportamental aceitas como parte integrante e importante no tratamento para insônia em pacientes oncológicos e se mostram relevantes para a psicologia da saúde e suas investigações. Observa-se, também, que nenhum dos estudos analisados nesta pesquisa é brasileiro o que sugere a necessidade de trabalhos que considerem a aplicabilidade dessas intervenções aos aspectos socioculturais da população do Brasil.




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