Prevalência e Distribuição Social do Distresse em uma amostra populacional
Mota,
L. M., & Faro, A (2018). Prevalência e Distribuição Social do Distresse em
uma amostra populacional. Revista
Interamericana de Psicologia/Interamerican Journal of Psychology (IJP), 52
(3), 389-398.
Resenhado por Ariana Moura
O estresse psicológico é categorizado
como patológico quando ocorre desgaste do sistema adaptativo, o que pode afetar
o bem-estar do indivíduo. Esse tipo de estresse, que se caracteriza pelo
prejuízo ao ajustamento e à saúde como um todo, é denominado como distresse. Na
prática, o distresse afeta a saúde física por meio do rebaixamento imunológico
e por infecções oportunistas. Além disso, impacta sobre a saúde mental,
especialmente no que tange à facilitação do desencadeamento ou cronificação de
sintomas relacionados aos transtornos ansiosos e à depressão. Quanto à
distribuição social do fenômeno, em relação ao gênero se sabe que as mulheres
tendem a apresentar índices significativamente mais altos de distresse do que
os homens. Já a interação social positiva foi identificada como um fator que
pode favorecer a diminuição dos níveis de distresse.
A presente pesquisa analisou a
prevalência do distresse em uma amostra representativa da população de Aracaju-SE,
bem como possíveis relações com características sociodemográficas e de saúde
dessa população. Os instrumentos utilizados foram um questionário
sociodemográfico, também referente aos hábitos de saúde, além da escala de
distresse K10. O instrumento é composto por 10 itens objetivos, em que as
respostas podem variar entre o tempo todo, a maior parte do tempo, parte do
tempo, um pouco e nunca. Os critérios de classificação do nível de distresse K10
são: ausente ou baixo (até 15 pontos), moderado (16-21), grave (22-29) e muito
grave (30-50).
A amostra final foi composta por 677
adultos, de ambos os sexos, e com faixa etária entre 18 a 65 anos. A maioria
dos participantes foi de mulheres (56,4%) e a idade média de idade foi de 36
anos. Quanto ao distresse, a média geral de pontuação na K10 foi de 19,2. Por
níveis de severidade, constatou-se que 41,5% ficou equivalente à classificação
como ausente ou baixo, 28,8% moderado e 13,1% muito grave. Além disso,
observou-se que os indivíduos até 42 anos obtiveram aproximadamente duas vezes
mais chances de compor o grupo entre os níveis mais graves da K10 e os tabagistas
apresentaram quase três vezes mais chances de estar dentre aqueles que estavam
nos quadros grave e muito grave de distresse. Viu-se, também, que os portadores
de doenças crônicas também exibiram maior probabilidade em se encontrar dentre
os indivíduos com níveis mais severos de distresse.
Em resumo, constatou-se que com a
identificação dos principais preditores do distresse foi possível prover um
maior entendimento da distribuição social do fenômeno, ou seja, diferenças na
condição de vulnerabilidade ao distresse. Nesta pesquisa também se identificou
uma média elevada de pontos para o distresse na população aracajuana, o que
representa um nível médio de severidade classificado como moderado. Por fim,
entende-se que o distresse pode ser assumido como um objeto de estudo relevante
para a psicologia da saúde, devido a sua influência no bem-estar psicológico e
saúde de indivíduos e grupos.
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