A produção científica brasileira sobre autismo na psicologia e na educação
Guedes,
N. P. S., & Tada, I. N. C. (2015). A produção científica brasileira sobre autismo
na psicologia e na educação. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 31(3),
303-309. doi:10.1590/0102-37722015032188303309
Resenhado por Brenda
Fernanda
O autismo – ou
transtorno do espectro autista (TEA), como é atualmente nomeado –
caracteriza-se pelo desenvolvimento atípico e prejudicado nas interações
sociais, comunicação e comportamento (American Psychiatric Association [APA],
2013). Essas características variam na manifestação e grau de severidade,
dificilmente apresentando-se da mesma maneira em indivíduos distintos. Ainda
que o TEA venha recebendo destaque na literatura nos últimos anos, observam-se
lacunas a serem investigadas. O presente estudo constitui-se de uma revisão da
literatura científica brasileira sobre o autismo nos campos da Psicologia e da
Educação, visando a identificar o atual cenário da produção acadêmica acerca do
tema. Para tanto, realizou-se levantamento de artigos científicos publicados em
periódicos brasileiros de 2007 a 2012. Foram incluídos na amostra 156 artigos,
cujos resumos foram analisados e categorizados.
As bases de dados
utilizadas no levantamento bibliográfico foram: SciELO, PePSIC e Edubase, utilizando-se como descritores as
palavras-chave: autismo, transtornos globais do desenvolvimento, transtornos invasivos do desenvolvimento,
transtornos do espectro do autismo, transtorno autista e espectro autístico. Quanto aos critérios
de inclusão, além do tempo, foram considerados os artigos de periódicos
brasileiros classificados como Qualis A e B nas áreas de Psicologia e Educação,
de acordo com a tabela de classificação de 2012.
Os artigos tiveram seus
resumos analisados e classificados em sete categorias: (1) Revisão e
atualização teórica e sistemática; (2) Avaliação e caracterização das
manifestações clínicas; (3) Prevalência e comorbidade; (4) Propriedades
psicométricas de instrumentos; (5) Autismo e relações familiares; (6)
Intervenções e; (7) Escolarização e processos de ensino-aprendizagem. Apesar de
alguns trabalhos estarem relacionados a mais de uma categoria, foram
classificados apenas naquela que contemplava seu tema central. Com relação aos
anos de publicação, em 2007 foram publicados 20 artigos; em 2008, 27 artigos;
em 2009 e 2010, 35 e 28, respectivamente; em 2011, 27 artigos; e, por fim, em
2012 foram publicados 19 artigos. Observa-se uma queda na produção nos últimos
três anos em comparação com o período anterior, que apresentava crescimento em
relação ao tema.
No que concerne à faixa
etária dos indivíduos investigados, tem-se um maior número de estudos na
infância. Na primeira categoria, englobaram-se 14,1% (n = 22) dos artigos analisados, tendo como foco de discussão aspectos
gerais do TEA, critérios diagnósticos e reflexões teóricas e críticas. Na
categoria 2, 28 artigos (17,9%) foram incluídos. Na categoria 3, apenas 3,2% (n = 5) dos artigos foram classificados. Quanto
à quarta categoria, 5,1% (n = 8) dos
artigos foram incluídos. Na categoria 5, incluíram-se 18 estudos (11,5%).
Quanto às intervenções, 25 artigos foram localizados. Na última categoria, 21
artigos foram incluídos.
Observa-se uma
diversidade na produção científica sobre TEA nos últimos anos, ressaltando a
importância da temática. Quanto à Psicologia da Saúde, destaca-se a relevância
de mais estudos que foquem na prevalência e comorbidade e propriedades
psicométricas de instrumentos de avaliação. Deste modo, visa-se ao melhor
conhecimento do público e desenvolvimento de instrumentos de qualidade, fatores
que proporcionarão rastreamento e intervenções mais eficazes.
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