A relação entre índice de massa corporal e imagem corporal em adultos brasileiros


Kakeshita, Idalina S., & Almeida, Sebastião Sousa. (2008). The relationship between body mass index and body
image in Brazilian adults. Psychology & Neuroscience, 1(2), 103-107.

Resenhada por Elvis Leal

Um grande número de instrumentos foi desenvolvido para avaliar a imagem corporal. Na atualidade, os estudos sobre imagem corporal se concentram em sua maioria na insatisfação com a imagem corporal, com o objetivo de encontrar discrepâncias na percepção desse construto, importante para a prevenção e o tratamento de vários distúrbios. A ferramenta mais utilizada para fazer a avaliação do tamanho corporal é a Escala de Classificação de Figuras. Ela é simples e de baixo custo, não necessitando de equipamentos tecnológicos para sua aplicação. A escala é composta por 15 cartões com desenho de silhuetas para cada gênero e cada cartão representa um intervalo de IMC que varia entre 12,5 kg/m² a 47,5 kg/m².
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção da imagem corporal em uma amostra de adultos brasileiros, de acordo com o índice de massa corporal (IMC), sendo feito o uso da Escala de Classificação de Figuras. Não foi possível atingir o número desejado de participantes devido à baixa ocorrência de brasileiros correspondentes às silhuetas com baixo IMC. Por fim, a pesquisa realizada na zona urbana de duas cidades interioranas no estado de São Paulo, teve 280 voluntários, na faixa etária de 18 a 59 anos, com uma proporção aproximada entre os gêneros.
            Para a aplicação foram apresentadas as escalas referentes ao gênero do participante em ordem crescente de silhueta. Foi solicitado que os participantes indicassem qual figura melhor representa seu tamanho corporal atual e desejado, e ainda o tamanho corporal que acreditavam ser o ideal em geral. Após isso foi calculado o IMC real do participante. A disparidade entre o IMC atual e o real foi chamada de discrepância corporal.As análises mostraram que homens e mulheres distorceram seu tamanho corporal atual. Porém, as mulheres apresentaram maior superestimação do tamanho corporal. O único grupo que não apresentou superestimação foi o de homens com IMC normal, pois esses tendem a subestimar seu tamanho corporal. Todos os participantes apresentam distorção, desejando, na maioria, serem mais magros.
            Os resultados reforçam os achados anteriores de que mulheres distorcem mais a imagem corporal, principalmente superestimando seu tamanho. Mulheres com sobrepeso ou pré-obesas apresentam maior distorção. O motivo pode ser por não serem classificadas como obesas e estarem longe do padrão sociocultural de beleza, sendo que isso as deixa vulneráveis à vergonha do próprio corpo.
Esse construto, a imagem corporal, necessita de mais pesquisas visto a importância, pessoas obesas são mais suscetíveis a sentirem vergonha e a terem reações problemáticas no comportamento alimentar, deixando de participar de programas para prevenir a obesidade e as comorbidades relacionadas à obesidade. A psicologia da saúde pode contribuir para o aprofundamento das pesquisas acerca desse construto e, desse modo, pode-se desenvolverpolíticas públicas que façam uma abordagem mais efetiva dessa população.

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