Abordagem diagnóstica de crianças com atraso do desenvolvimento e deficiência intelectual


Boy, R. (2016). Abordagem diagnóstica de crianças com atraso do desenvolvimento e deficiência intelectual.
Brazilian Journal of Health and Biomedical Sciences, 15 (2). doi:10.12957/rhupe.2016.28244

Resenhado por Danielle Alves Menezes

Atraso global no desenvolvimento (AGD) e deficiência intelectual (DI) são condições que atingem aproximadamente 3% da população no Brasil. A detecção precoce dessas doenças na infância possui diversos benefícios biopsicossociais, dentre eles, diminuição do sofrimento familiar, provisão do prognóstico, diminuição de exames desnecessários, promoção de tratamento específico, promoção de suporte familiar em grupo específico e promoção da inserção precoce em programas de estimulação e educação especializados. Assim, o artigo tem como objetivo discutir os conceitos de AGD e DI, visando contribuir para que a investigação dessas doenças aconteça de forma mais apropriada.
O AGD é um termo utilizado para crianças abaixo dos cinco anos de idade. Diz respeito a um atraso significativo em dois ou mais domínios do desenvolvimento, incluindo coordenação motora, linguagem, cognição social/pessoal e atividades da vida diária. Diversas condições como paralisia cerebral, algumas doenças neuromusculares e privação ambiental precoce podem levar ao atraso no desenvolvimento. Além disso, sua presença pode ser preditiva de um futuro diagnóstico de DI.
Já DI, termo utilizado para crianças com mais de cinco anos, corresponderia a um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, manifestado antes dos 18 anos de idade, coexistente com uma limitação em duas ou mais das seguintes áreas adaptativas: comunicação, cuidados pessoais, atividades cotidianas, atividades sociais, vida comunitária, autocontrole, saúde e segurança, atividades acadêmicas, de lazer e de trabalho. Fatores de risco associados a DI podem ser: baixo peso ao nascer, prematuridade, nascidos de mães com baixa escolaridade e com idade avançada, com risco maior para crianças do sexo masculino, com malformações congênitas, especialmente as que envolvem o sistema nervoso central, associadas ou não a anomalias cromossômicas.
DI pode ser classificada de acordo com a gravidade (severa ou grave QI<50; leve QI =50-70) com base em escore de teste de inteligência confiável e também em um sistema de classificação do comportamento adaptativo. Pode ser classificada também de acordo com a etiologia, em que é vista como resultado de múltiplos fatores biológicos, psicológicos e sociais, e sua abordagem deve ser multidisciplinar.
Vale ressaltar que DI leve se diferencia de DI grave quanto ao nível de alterações, ou seja, a DI leve se apresenta como um déficit isolado e a DI grave como um conjunto de doenças, a exemplo de paralisias cerebrais mais graves, problemas visuais, como estrabismo e defeitos de refração, crises convulsivas, déficit de comunicação, problemas alimentares, déficit de atenção e hiperatividade e distúrbios psiquiátricos, como transtornos do espectro autista (TEA).
Em razão das diversas repercussões biológicas e psicológicas, é imprescindível o tratamento multidisciplinar. Para o psicólogo, em especial o psicólogo da saúde, conhecer a interface que correlaciona causalidades biológicas e adaptação é fundamental para planejar de forma adequada a anamnese, encaminhamento para demais áreas da saúde (pediatra, neuropediatra, psiquiatra), e planejamento do projeto terapêutico tanto para a criança com DI como para sua família.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.