Vacina não causa autismo, novo estudo comprova
Postado por Geovanna Turri
O transtorno do espectro autista (TEA),
também conhecido como autismo, caracteriza-se pelo desenvolvimento prejudicado e
atípico nas interações sociais, comportamento e comunicação. As características
presentes no TEA variam de acordo com sua manifestação e grau de severidade. O
indivíduo com autismo pode ter dificuldades de socialização, transtornos na
comunicação verbal e não-verbal, padrões estereotipados repetitivos de
comportamento e prejuízos na habilidade de imitação. A base patológica desse
transtorno ainda é desconhecida, porém há alguns anos surgiram rumores acerca
da influência da vacina tríplice viral como causadora do transtorno. Atualmente
diversos estudos vêm contradizendo tal informação, afirmando que a vacina não aumenta
o risco para o autismo e não desencadeia o autismo em crianças suscetíveis.
O
maior estudo já realizado sobre o assunto reforça que a vacina contra caxumba,
rubéola e sarampo não aumenta o risco de autismo em crianças.
Os
pesquisadores não encontraram maior incidência proporcional do diagnóstico
entre as crianças vacinadas e não vacinadas. (Marcelo Camargo/Agência
Brasil)
Em
tempos de fake news, disseminação de grupos anti-vacina e epidemia de sarampo,
notícias boas e confiáveis sobre o assunto são sempre bem vindas. Um novo
estudo – o maior já feito sobre o assunto – acaba de comprovar que a vacina
tríplice viral, que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, não causa autismo.
“A
tríplice viral não aumenta o risco para o autismo, não desencadeia o autismo em
crianças suscetíveis e não está associada ao agrupamento de casos de autismo
após a vacinação”, escreveram os autores do estudo.
Embora
estudos anteriores já tenham mostrado que a vacina não está associada ao
autismo, muitos pais insistem em não imunizar seus filhos – prejudicando não só
estes, mas também outras crianças – com essa justificativa. Para acabar de uma
vez por todas com esse mito disseminado por um charlatão em 1998, pesquisadores
do Instituto Statens Serum, na Dinamarca, acompanharam por dez anos, 657.461
crianças nascidas no país entre 1999 e 2010.
A
Dinamarca tem um programa nacional de vacinação gratuito e voluntário. Do
total, 31.619 crianças não foram vacinadas e 6.517 receberam o diagnóstico de
autismo. Isso corresponde a uma taxa de incidência de 129,7 a cada
100.000. Os pesquisadores não encontraram maior incidência proporcional do
diagnóstico entre as crianças vacinadas e não vacinadas.
“A
comparação entre crianças vacinadas e não vacinadas produziu uma razão de risco
de autismo de 0,93. Nenhum risco aumentado de autismo após a vacinação foi
consistentemente observado em subgrupos de crianças definidas de acordo com a
história de autismo dos irmãos, fatores de risco do autismo (com base em um
escore de risco de doença) e outras vacinações ou durante períodos específicos
após a vacinação”, afirma o estudo publicadona segunda-feira na revista
científica Annals of Internal Medicine.
Em
entrevista à rede americana CNN, Paul Offit, diretor do Centro de Educação em
Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia, afirma que a maior contribuição do
estudo foi a avaliação de crianças com risco aumentado de autismo, como as que
já têm um irmão com o diagnóstico.
Anders
Hviid, líder do estudo e pesquisador do departamento de epidemiologia do
Instituto Statens Serum acredita que o novo estudo oferece dados confiáveis e
tranquilizadores de que o vínculo entre vacina e autismo não existe.
O mito
O
mito que associa vacinas e autismo surgiu de um estudo publicado em 1998 na
revista científica The Lancet. O médico britânico Andrew Wakefield
alegava, em seu estudo, que 12 crianças que eram normais até receberem a vacina
tríplice viral se tornaram autistas depois de desenvolverem inflamações
intestinais causadas pelo imunizante.
Depois
da publicação, muitos pais deixaram de vacinar seus filhos contra as infecções
infantis, contribuindo para um aumento de casos de sarampo nos Estados Unidos e
na Europa. Anos depois, uma reportagem publicada no periódico científico BMJ,
feita pelo jornalista Brian Deer, mostrou que cinco das 12 crianças já tinham
problemas de desenvolvimento, fato encoberto por Wakefield.
Várias
pesquisas e investigações (britânica, canadense e americana) publicadas depois
do controvertido estudo – que só levou em conta essa amostragem de 12 crianças
– não encontraram qualquer correlação entre o aparecimento do autismo e a
vacina tríplice. Em 2010, a revista médica britânica The Lancet, onde o
estudo foi originalmente publicado, se retratou formalmente e retirou o artigo
de seus arquivos. Wakefield também perdeu o direito de praticar medicina.
Apesar
de todos os esforços da ciência e das autoridades de saúde, o estrago feito
pelo artigo fraudulento de Wakefield permanece até hoje. “Os pesquisadores dos
EUA concluíram que uma redução de 5% na cobertura vacinal triplicaria os casos
de sarampo, com custos econômicos significativos para a saúde. Um dos
principais motivos pelos quais os pais evitam ou estão preocupados com a
vacinação infantil tem sido a ligação percebida com o autismo.”, disse Hviid.
Casos
de sarampo têm aumentado em todo o mundo, em parte, pela não vacinação. A
gravidade do problema fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca a
relutância ou a recusa em vacinar como uma das 10 principais ameaças à saúde
global em 2019.
Dez
países, incluindo o Brasil, foram responsáveis por quase 3/4 do aumento total
de casos da doença em 2018. O país aparece na 3ª posição com o maior número de
casos. Até o dia 21 de janeiro, 10.302 casos da doença foram confirmados no
Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
Link:
https://veja.abril.com.br/saude/vacina-nao-causa-autismo-novo-estudo-comprova/
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