Detalhes de protocolo de luto e a terapia cognitivo-comportamental

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Zwielewski, G., & Sant’Ana, V. S. (2016) Detalhes de protocolo de luto e a terapia cognitivo -comportamental. Revista Cesumar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, 227-242. doi:10.5935/1808-5687.20160005.

Resenhado por Márcio Diego Reis

A perda por morte é um acontecimento universal, e o luto é uma reação natural do ser humano frente a esse acontecimento. No processo de luto normal as reações tendem a ser intensas imediatamente após a perda, diminuindo ao longo do tempo, mas pode acontecer do enlutado não se encontrar pronto para lidar com a finitude da vida. Assim, a falta de aceitação do rompimento desse vínculo pode conduzir o indivíduo de um luto normal para um luto patológico. Os sintomas do luto patológico podem ser emocionais (tristeza profunda, culpa, ansiedade), comportamentais (falta de concentração, choro, sonhos com a pessoa falecida), cognitivos (descrença, alucinação e confusão mental) e físicos (falta de ar, maior sensibilidade aos ruídos, falta de energia e despersonalização).
Este artigo apresenta um estudo de caso que tem como objetivo expor, por meio da teoria cognitivo-comportamental, a eficiência de um protocolo para tratamento de paciente enlutado. A paciente tinha 50 anos, era divorciada e identificada pela inicial R., Mãe de 3 filhos, sendo o mais velho F., com 34 anos, casado, o qual falecera de câncer 15 dias antes de a paciente procurar psicoterapia. Fora adotado um protocolo adaptado do modelo de Silva (2009), com duração de 12 sessões, com espaço de 7 dias entre elas. O protocolo foi adaptado na sua aplicação, pela necessidade de estabilização de humor da paciente. Esse novo modelo teve duração de 12 sessões com 2 encontros semanais e acrescido de mais 2 sessões para avaliar fatores relacionados ao risco de suicídio, o que totalizou 14 sessões.
O protocolo foi dividido em 3 fases. Na primeira fase que vai da 1º a 4º sessão, foram aplicados os inventários de ansiedade de Beck (BAI) o inventário de depressão de Beck (BDI) e o inventário de desesperança de Beck (BHS), que foram reaplicados semanalmente. Foi também realizada avaliação de risco de suicídio, psicoeducação sobre as fases do luto e identificação de distorções cognitivas. Na segunda fase, que vai da 5º a 8º sessão, foi realizada psicoeducação sobre o efeito das distorções cognitivas, bem como o questionamento sobre pensamentos disfuncionais, resolução de problemas pendentes, nomeação de pessoa resgate e reorganização de sistema familiar. Na terceira e última fase, que vai de 9º a 10º sessão, o processo focou na adaptação do sujeito à vida cotidiana, investimento em novos objetos, reforçamento de pensamentos alternativos e prevenção de recaída.
         A terapia cognitivo-comportamental é apontada como eficaz no tratamento de lutos complicados, e nesse estudo de caso a eficácia ficou evidente. A paciente obteve uma redução significativa nos escores dos inventários. Apresentou menos ansiedade, ao reduzir de 37, na primeira semana, para 6, na sétima semana, quando comparados os escores do BAI. Apresentou menos humor deprimido, ao diminuir de 33 para 6 no BDI, e maior esperança com o futuro ao diminuir de 11 para 0 no BHS. Após a exposição da paciente ao protocolo, a mesma demonstrou maior capacidade para desenvolver estratégias de enfrentamento da saudade e maior capacidade de lidar com problemas diários.
         O processo de luto tem consequências significativas na saúde do indivíduo e a Terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem terapêutica favorável ao tratamento de pacientes enlutados. Conclui-se, através deste estudo, a importância do tema para a psicologia da saúde e para o psicólogo que lida com o luto de seus pacientes.

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