Mental health of deaf and hard-of-hearing adolescents: What the students say / Saúde mental de adolescentes surdos e com dificuldades auditivas: O que os alunos dizem


Brown, P M., & Cornes, A. (2015). Mental health of deaf and hard-of-hearing adolescents: What the students say. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, 20(1), 75-81. doi:10.1093/deafed/enu031

Resenhado por Luanna Silva

A deficiência auditiva pode ser resultado de diferentes fatores. Indivíduos podem nascer com moderada, severa ou profunda perda auditiva ou podem adquirir a deficiência devido a acidentes, doenças ou outras causas. Inicialmente, acreditava-se que a surdez em si constituía um agente de predisposição para transtornos psiquiátricos. Entretanto, atualmente se supõe que os padrões únicos de desenvolvimento social e emocional observados em indivíduos com dificuldades auditivas podem predispor a um aumento do sofrimento psicológico. Nesse sentido, a ênfase é dada à condição da comunicação. A frustração na comunicação com familiares e amigos pode influenciar a autoconsciência, autoestima e identidade.
A compreensão acerca da prevalência de transtornos mentais nessa população tem sido dificultada por diversos motivos. A heterogeneidade das características da amostra dos estudos é uma das questões a se considerar. Uma vez que não há um padrão no relato de grau e tipo de perda auditiva, idade de início e idade do diagnóstico, encontra-se dificuldade na comparação de dados. Destaca-se também como dificuldade a falta de instrumentos apropriados para a avaliação de saúde mental nessa população. Por conta dessa lacuna, muitos estudos utilizam apenas o relato de pais ou professores, omitindo a percepção dos portadores de deficiências auditiva. 
O presente estudo investigou a saúde mental de 89 adolescentes surdos e com dificuldades auditivas. Os participantes responderam ao Youth Self Report (YSR), na versão escrita (para os adolescentes orais) ou na versão para usuários da Língua Gestual Australiana (Auslan). O YSR identifica indivíduos em risco de problemas emocionais ou comportamentais, é adequado para estudantes de 11 a 18 anos, contém 112 itens e leva cerca de 20 minutos para ser concluído. Esse instrumento já foi traduzido para 61 idiomas, tendo sido adaptado para a língua australiana de sinais, apresentando satisfatórias qualidades psicométricas. Três tipos diferentes de escores são produzidos pelo YSR. O primeiro tipo de escore obtido é a pontuação geral do instrumento. Também são fornecidos escores acerca de oito condições classificadas como ansiedade/depressão, retraimento, reclamações somáticas, problemas sociais, problemas de pensamento, problemas de atenção, comportamento de quebra de regras e comportamento agressivo. Por fim, um terceiro escore é gerado criando duas categorias que incluem problemas de internalização (combina os escores de ansiedade/depressão, retraimento e reclamações somáticas) e problemas de externalização (combina os escores de comportamento de quebra de regras e comportamento agressivo).
Os resultados mostraram que 39% dos participantes estavam na faixa clínica/limítrofe. Pouco mais de 40% dos estudantes relataram problemas de internalização, ao passo que 37,1% demonstraram problemas de externalização. Problemas sociais foram relatados por 28% dos participantes e 21% expressaram problemas de pensamento. Na amostra estudada, a presença de outros familiares com perda auditiva, idade e grau de perda auditiva não foi fator preditivo de transtorno psicológico.
A saúde mental de indivíduos com surdez e problemas de audição precisa ser mais bem investigada e, sobretudo, essa população precisa que a atenção necessária lhe seja dispensada. A Psicologia da Saúde pode contribuir para esse fim produzindo instrumentos específicos, estimulando a capacitação de profissionais de saúde, estudando e desenvolvendo intervenções que atendam as demandas próprias desse público.

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