Relações entre participação em atividades, amizade e problemas internalizantes em crianças com transtorno do espectro autista
Relations among activity participation, friendship,
and internalizing problems in children with autism spectrum disorder
Dovgan,
K. N., & Mazurek, M. O. (2018). Relations among
activity participation, friendship, and internalizing problems in children with
autism spectrum disorder.
SAGE Journals, 23(3), 750-758. doi: 10.1177/1362361318775541
Resenhado por Luana C. Silva-Santos
Uma das principais dificuldades
enfrentadas por indivíduos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) é a interação social, principalmente na adolescência, fase marcada pela
cultura dos pares. Por outro lado, existem altos índices de comorbidade entre
transtornos internalizantes que levam ao isolamento social, promovendo menor
participação em atividades sociais e maiores déficits em habilidades
sociais. Crianças diagnosticadas com autismo, quando comparadas com outras
crianças que tenham atraso do desenvolvimento, mostram significativamente menos
alternância no olhar para objetos ou pares para iniciar atividades conjuntas,
além de fazerem menos contato visual quando em interações sociais.
Nessa temática, Dovgan e Mazurek (2018)
objetivaram avaliar as relações entre amizade, participação em atividades e
problemas internalizantes em crianças diagnosticadas com TEA. Participaram 129
crianças com TEA com idade variando entre 6 e 18 anos. Medidas relacionadas à
amizade, esportes, hobbys, participação em clubes e problemas
internalizantes foram realizadas
utilizando-se o Child Behavior Checklist, a Vineland Adaptative
Behavior Scales-Second Edition, a para a avaliação do Quociente de
Inteligência utilizou-se as Early Years Differential Ability Scales-Second
Edition, as School-Age Differential Ability Scales-Second Edition, a
Wechsler Abbreviated Scale of Intelligence ou as Mullen Scales of
Early Learning.
Os resultados do estudo mostraram que
participação em atividades foi relacionada a ter mais amizades (r = 0,351, p < 0,001), mesmo
quando o quociente de inteligência era controlado. Crianças com pelo menos um
amigo participaram de significativamente mais atividades [Média (M)
= 5,60, Desvio Padrão (D)
= 1,72] do que crianças sem amigos (M
= 4,46, DP = 1,72) [t (124) = -3,773, p < 0,001]. Os
problemas internalizantes não se correlacionaram significativamente com o
número de atividades nem com o número de amigos (p > 0,05). Por fim, ter pelo menos um amigo não se associou a menos problemas internalizantes (p > 0,05).
Este estudo contribui no entendimento do
impacto do engajamento social com os pares no desenvolvimento e manutenção de
amizades, assim como no gerenciamento de problemas internalizantes. Psicólogos
da sáude podem balizar suas práticas nesses achados no planejamento de ações
voltadas aos indivíduos com TEA em grupo, promovendo maior participação nas
atividades propostas.
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