Intervenções comportamentais para o transtorno de escoriação: Revisão de artigos publicados em periódicos de saúde.


Richartz, M., Gon, M.C.C. &Zazula, R. (2017). Intervenções comportamentais para o transtorno de escoriação: Revisão de artigos publicados em periódicos de saúde. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 13(2), 2526-6551. http://dx.doi.org/10.18542/rebac.v13i2.5903

Resenhado por Thais Aragão

Pessoas com transtorno de escoriação apresentam comportamentos compulsivos de lesionar a pele (coçar, picar, arranhar, furar), podendo levar ao surgimento de cicatrizes e deformações na pele. Acomete aproximadamente 3% da população feminina. É considerado um problema dermatológico, mas também apresenta características de transtornos psiquiátricos. O DSM-5 classificou o transtorno de escoriação como excesso de comportamento de beliscar a pele e déficit de respostas em controlar o impulso para tal ação, causando sofrimento emocional e prejuízo em nível social e profissional. As alterações cutâneas causadas pelo comportamento de escoriar a pele gera preconceito e dificulta as interações sociais.De acordo com Gupta e A. K Gupta (1996), provocar lesões na própria pele tem relação com sentimentos de inadequação social, insegurança, sensação de vazio e solidão.
O presente estudo constituiu-se de uma revisão bibliográfica em periódicos de saúde para identificar pesquisas aplicadas ou relatos de casos com indivíduos com desenvolvimento típico que apresentassem escoriação, bem como descrever as intervenções comportamentais empregadas e relatar os métodos e os resultados dos procedimentos. Foi realizada uma pesquisa eletrônica nas bases de dados PsycINFO, Web of Science, PubMed/MEDLINE e BVS com os descritores ‘escoriação’, ‘neuroticexcoriation’ ou psychogenicexcoriation’, combinados com ‘behavioraltreatment.
O resultado desta revisão mostra que a primeira pesquisa aplicada encontrada sobre esse tema foi realizada por Perarlstein e Orentreich (1968) e que apenas no ano 2000 aumentou o interesse dos pesquisadores pelo tema. Em 2013 o transtorno de escoriação foi classificado no DSM V (APA, 2013).Nas pesquisas analisadas, observam-se semelhanças em relação ao método. Os participantes eram adultos acima de 18 anos e estudos sobre escoriação de crianças e adolescentes são escassos. Pelo fato de ocorrer em situações privativas, não foi observado em nenhum estudo o comportamento de escoriação de modo direto, os dados eram obtidos através de fichas de autorregistro, que tinham a função de auto-observação para o cliente e obtenção de dados para uma análise funcional do comportamento de escoriação. Com relação às intervenções utilizadas, a TRH (Terapia de reversão de hábitos) foi amplamente utilizada e sua efetividade para a redução da frequência de comportamento de escoriação foi constatada em alguns estudos. Para pesquisas futuras, sugere-se a realização de estudos com diferentes faixas etárias, com delimitação e descrição funcional dos comportamentos de escoriação.
Estudos brasileiros sobre transtorno de escoriação em psicologia são muito escassos, apesar da correlação feita pela literatura dermatológica entre fatores afetivos e emocionais, enquadrando-o como umapsicodermatose. A Psicologia da Saúde pode contribuir com mais estudos que foquem nos aspectos psicológicos, visando a contribuir na diminuição do comportamento de escoriação e melhorar a qualidade de vida das pessoas acometidas por tal transtorno.

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