Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares

Resenhado por Mariana Serrão

Pinto, R., Torquato, I., Collet, N., Relchert, A., Neto, V., & Saraiva, A. (2016). Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiaresRevista Gaúcha de Enfermagem37(3), 1-9.

            O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido como uma síndrome com­portamental que compromete o desenvolvimento motor e psiconeurológico, dificultando a cognição, a linguagem e a interação social da criança. Cerca de 70 pessoas a cada 10000 habitantes são diagnosticadas com TEA, sendo mais prevalente em meninos.  A etiologia do transtorno ainda é desconhecida, entretanto, atualmente é considerado um transtorno de origem multicausal envolvendo fatores genéticos, neurológicos e sociais da criança. Os sintomas do TEA geralmente são identificados pelos pais e professores devido à suas especificidades.
 O TEA apresenta uma tríade singular caracte­rizada pela dificuldade e prejuízos qualitativos da comunica­ção verbal e não verbal, na interatividade social e na res­trição do seu ciclo de atividades e interesses. Neste tipo de transtorno, podem também fazer parte da sintoma­tologia movimentos estereotipados e maneirismos, assim como padrão de inteligência variável e temperamento extremamente transitório. Em geral, os sintomas surgem e são percebidos antes dos três anos de idade. O diagnóstico de uma criança com autismo afeta a rotina e dinâmica familiar devido aos cuidados que devem ser direcionados a uma criança com TEA, interferindo nas relações familiares, financeiras e ocupacional da família. A revelação do diagnóstico de um transtorno crônico para uma família pode passar por vários estágios como: impacto, negação, luto, enfoque externo e encerramento, as quais estão asso­ciadas a sentimentos difíceis e conflituosos.
Dado o exposto, o artigo ressalta a importância da organização e planejamento da equipe multidisciplinar no momento de dar a notícia sobre o diagnóstico de TEA, bem como viabilizar uma melhor aceitação por parte da família, a fim de que esta estabeleça as estratégias de enfretamento do problema da criança. O presente artigo buscou analisar o contexto da reve­lação do diagnóstico do autismo e o impacto deste nas relações familiares.
O estudo foi exploratório-descritivo, realizado no Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPSI) na Paraíba. A amostra foi composta por 10 famílias de crianças autistas que são assistidas pelo CAPSI. Foi utilizada uma entrevista semiestruturada, dividi­da em duas partes a primeira relacionada à caracterização dos participantes e a segunda contendo questões inerentes ao estudo, sendo estas: como foi recebida a revelação do diagnóstico de autismo em sua família? Aonde ocorreu a revelação do diagnós­tico? Quem revelou? Fale sobre esse momento; e Quais as repercussões que o diagnóstico de autismo desencadeou nas relações familiares?. As interpretações foram feitas por meio da análise de conteúdo.
Os resultados foram divididos em três categorias: o impacto da revelação do diagnóstico de autismo para a família; características da revelação do diagnóstico: o local, o tempo e a relação dialógica entre o profissional e a família; alteração nas relações familiares e a sobrecarga materna no cuidado a criança autista. Em relação à revelação do diagnóstico, para as famílias entrevistadas o momento do diagnóstico constituiu-se como um evento estressor e marcante, a princípio, os sentimentos experienciados pelos membros sobre a descoberta do transtorno do es­pectro autista na criança variou entre tristeza, sofrimento e negação. Sendo assim, o papel do psicólogo para desenvolver estratégias junto com esses familiares para lidar melhor com o TEA é bastante importante para manter as relações e funcionamento saudável dessas famílias.

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