“De repente os primeiros cinquenta anos de minha vida fizeram sentido”: Experiências de pessoas adultas com autismo
“Suddenly the first years of my life made
sense”: Experiences o folder people with autism.
Hickey, A.,
Crabtree, J., & Stott, J. (2017). ‘Suddenly the first fifty years of my
life made sense’: Experiences of older people with autism. Autism, 11(1), 1-11. doi: 10.1177/1362361316680914.
Resenhado
por Catiele Reis
O
autismo causa um impacto na vida de familiares e portadores da doença, porém
adultos com autismo correm mais risco de desenvolver um quadro de ansiedade,
depressão, dentre outras desordens psicológicas (Moss et al., 2015). Para além
destes fatores, nos adultos, a vivência e as representações trazidas pelo
autismo durante a infância refletem negativamente nas relações sociais e no
autoconceito do indivíduo (Happe, & Chalton, 2012).
Ao
pensar neste impacto e nas diferenças de limitações que existem entre cada
sujeito com autismo, os autores deste texto buscaram explorar as experiências
vivenciadas pelos sujeitos com mais de 50 anos. Assim, objetivaram explorar as
vivencias do autismo nos sujeitos adultos e suas percepções acerca do suporte
social e saúde. Partindo de um pressuposto qualitativo, os autores selecionaram
13 pessoas residentes no Reino Unido, diagnosticadas com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) e que possuíam mais de 50 anos. Os participantes responderam a um
questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada com duração de 1 hora e 20 minutos, em média.
Os dados foram analisados a partir do método de categorização temática na qual
buscavam-se aproximar as falas por eixo, surgindo assim, três categorias de
análise: (1) Diferenças; (2) Revisão da vida e; (3) Ansiando por conexão.
Percebeu-se
que os indivíduos buscam sempre ferramentas para reduzir à visibilidade as
diferenças. Isto ocorre porque o diagnóstico promove certa ruptura, algo
parecido como uma quebra de conexão com o mundo externo, além de ser
considerado, por vezes, um tabu para sociedade. Assim, buscam-se estratégias
para fortalecer os entrelaçamentos pessoais e sociais com as pessoas.
Ressaltou-se aqui a importância de um suporte social positivo, aceitação por
parte da sociedade e o oferecimento de oportunidades aos portadores de TEA.
Por
fim, os autores ressaltaram que mais estudos nestes moldes poderiam servir para
que psicólogos da saúde possam traçar intervenções mais eficazes em todos os
níveis de saúda. Este é o primeiro estudo qualitativo com adultos
diagnosticados com TEA e refletem que os resultados encontrados aqui se
assemelham muito aos resultados das pesquisas realizadas com indivíduos mais
jovens, sugerindo novas pesquisas e ações voltadas ao incremento de suporte
social e ressaltando a importância de reduzir o isolamento e promover o acesso
ao diagnóstico.
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