Aspectos psicossociais da parentalidade: O papel de homens e mulheres na família nuclear
Borsa, J. C., & Nunes, M. L. T. (2011). Aspectos psicossociais da parentalidade: O papel de homens e mulheres na família nuclear. Psicologia Argumento, 29(64), 31-39. doi: 10.7213/rpa.v29i64.19835
Resenhado por Maísa Carvalho
As visões, crenças, representações sociais e conceitos disseminados
sobre a família foram construídas a partir de processos socioculturais
ao longo do tempo. Apesar de não existir uma única definição sobre
família, os conceitos e representações mais utilizados estão ligados ao
modelo ocidental de família nuclear – pai, mãe e filhos. Essa concepção, oriunda dos séculos XVII e XIX, é predominante e originária do modelo de família tradicional burguesa, monogâmica e patriarcal. Nesse
molde, tanto o homem quanto a mulher possuem papéis bem definidos: a
mulher é a principal responsável pelos cuidados da casa e dos filhos, já
o homem por prover a família economicamente. Contudo, embora muitos
traços desse modelo ainda sejam persistentes, mudanças vêm sendo
observadas nos papéis de pais e mães. Dessa
forma, o presente estudo objetivou discutir a relação entre pais/filhos
e mães/filhos a partir dos aspectos psicossociais e culturais que
atravessam o exercício da paternidade e maternidade.
Diferentes concepções teóricas sobre o papel parental de homens e mulheres
O
modelo de divisão clássica de papéis entre homens e mulheres no
ambiente familiar é discutido e exposto na maioria dos estudos sobre
família e parentalidade, o que contribui para a construção do imaginário social acerca da maternidade e paternidade, bem como alimenta um interesse e importância ainda maior pelo primeiro tema do que pelo segundo. Na Psicologia, os estudos de teóricos psicanalíticos como Winnicott, Spitz e Bowlby sobre as relações entre mãe-bebê também fomentaram a ênfase na díade mãe/filhos, considerando esse vínculo importante para
o desenvolvimento infantil, dando menos notoriedade à figura paterna.
Críticas e discussões acerca dessas contribuições surgiram
posteriormente, trazendo à tona fundamentações com base em aspectos culturais sobre a supervalorização da maternidade e a relevância da paternidade na vida das crianças. Dá-se maior destaque ao conceito de coparentalidade, advindo da teoria sistêmica, que se refere aos papéis de pais e mães exercidos de forma conjunta e com igual expressão.
O papel de pais e mães na família contemporânea
Apesar do modelo que indica pais como provedores e mães como donas de casa ter se modificado com o passar dos anos, ele ainda é predominante em muitos contextos. É relevante destacar a consolidação do ingresso da mulher no mercado de trabalho e sua consequente participação na contribuição financeira da casa. Todavia, essa mulher é ainda tida
como a principal responsável pelas atribuições domésticas e o cuidado
com os filhos, possuindo uma tripla jornada de trabalho. Em relação às figuras paternas, percebe-se que essas vêm ganhando mais espaço no que tange aos cuidados gerais com os filhos
e alguns até assumem uma maior parcela nesse papel; mas, as mães ainda
são mais responsabilizadas, inclusive assumindo esse trabalho.
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