Atualidades sobre a Psicologia da Saúde e a realidade Brasileira

Alves, R., Santos, G., Ferreira, P., Costa, A., & Costa, E. (2017). Atualidades sobre a psicologia da saúde e a realidade brasileira. Psicologia Saúde & Doenças, 18(2), 545-555. doi: 10.15309/17psd180221.  

Resenhado por Catiele Reis 

A psicologia da saúde tem provocado inúmeras discussões teóricas e revela a sua importância enquanto disciplina específica voltada à saúde das pessoas. Dessa forma, este estudo se trata de um artigo teórico, o qual se dedica a discutir a psicologia da saúde e as diversas contradições acerca de sua compreensão no Brasil, principalmente em relação a dois tópicos: o histórico da psicologia da saúde e a prática da mesma pelos psicólogos. 
O surgimento da psicologia da saúde é fruto de uma nova compreensão sobre o processo de saúde-enfermidade, passando de um modelo biomédico para o biopsicossocial (Pais Ribeiro, 2007). Com base nessa perspectiva, a saúde passou a ser vista como uma realidade total e integrada, sendo a saúde mental parte importante neste processo. Entretanto, ainda é difícil precisar a delimitação de um marco histórico para o surgimento deste campo da psicologia. Mundialmente, americanos e cubanos disputam o título de fundador da área, mas, ainda hoje, não consenso. Por um lado, os Estados Unidos criaram o primeiro programa de Doutorado em psicologia da saúde em 1974 e, por outro, Cuba criou a Sociedade Cubana de Psicologia da Saúde que, provavelmente, foi a primeira comunidade científica com este nome no mundo. 
O histórico no Brasil foi um pouco diferente. Autores importantes como Spink (1992) costumam associar a psicologia da saúde ao modelo da psicologia social e comunitária, fato que gera muitas controvérsias. O maior argumento a favor dessa delimitação é o surgimento do SUS e o fato dos psicólogos irem se adentrando a esse sistema em um momento que o mesmo ainda estava se estruturando. Tais visões e controvérsias levaram o Brasil a ser o único país a ter uma organização distinta do resto do mundo, adotando o termo psicologia hospitalar. 
O primeiro nível de atenção à saúde é também aquele que apresenta maiores problemas de inadequação dos psicólogos, pois não há uma tradição, na prática. Nesse setor, devem-se priorizar o trabalho preventivo com as comunidades, focando no potencial de saúde das mesmas, sobretudo as ações interdisciplinares e multiprofissionais. No nível secundário estão as assistências curativas que buscam evitar agravos. A grande maioria dos profissionais trabalha neste nível focando na intervenção clínica e psicoterápica, cujo tratamento é a modificação individual de cada pessoa. Por fim, tem-se o terceiro nível de atenção, no qual estão os tratamentos mais complexos. Nesse nível, cabe aos psicólogos a investigação dos processos biopsicossociais relacionados ao estilo de vida e todos os temas relacionados ao fato de ter que lidar com uma doença crônica, tais como, coping, resiliência, stress, adesão ao tratamento, entre outros.  
Portanto, a atenção a saúde mental, diferentemente do que se pensava outrora, deve ser assistida em todos os níveis de saúde. Pensar temas e estratégias de intervenção nos diferentes níveis de saúde pode auxiliar os psicólogos a diminuírem suas dificuldades na hora de intervir nos setores específicos, mesmo ainda restando incertezas conceituais que suscitariam novos debates.

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