Esperança e a trajetória acadêmica de estudantes universitários
Hope and the academic trajectory of
college students
Gallagher, M. W., Marques, S. C.,
& Lopez, S. J. (2017). Hope and the academic trajectory of college
students. Journal of Happiness Studies, 18, 341–352. doi:
10.1007/s10902-016-9727-z
Resenhado por Amanda Feitosa
A esperança é um construto cognitivo-motivacional que envolve a
capacidade pessoal de criar objetivos, desenvolver rotas viáveis para
alcançá-los e se manter motivado para os atingir. Ela possui dois componentes
que interagem entre si, pathways e agency. O primeiro se refere ao planejamento e as estratégias
desenvolvidas pelo indivíduo para alcançar suas metas, ao passo que o segundo é
a capacidade percebida da pessoa que permite iniciar e manter sua motivação
para utilizar essas estratégias. Estudos apontam que pessoas mais esperançosas
apresentam bons resultados acadêmicos, como melhores notas e permanência na
universidade. Além da esperança, outros construtos da Psicologia Positiva
também possuem um papel preditor importante no sucesso acadêmico de
universitários, como a autoeficácia e o engajamento.
A autoeficácia se refere à
crença do indivíduo de que é capaz de realizar determinadas atividades, já o
engajamento diz respeito às experiências de prazer e de emoções positivas, além
da concentração e do foco da pessoa que se manifesta através do seu esforço e da
sua participação ativa em uma tarefa. Apesar de diversos estudos demonstrarem a
capacidade preditiva dessas variáveis no sucesso acadêmico, não se sabe com qual
dos construtos ele possui uma relação mais robusta, uma vez que a literatura usualmente
não trabalha essas variáveis de forma isolada. Assim, o presente estudo teve
como objetivo demonstrar se a esperança unicamente é preditora do desempenho
acadêmico quando controlando para os efeitos das variáveis autoeficácia,
engajamento e histórico educacional.
Participaram 229 estudantes universitários, sendo 56,3% homens (n
= 129) e 43,7% mulheres (n = 100). Para a medição da esperança se
utilizou o Domain Hope Scale-Revised e para a mensuração da autoeficácia o Academic Self-efficacy Scale. Ademais, o engajamento foi mensurado
através da Gallup College Student Engagement Scale (GCSES), além de se utilizar o registro acadêmico do
ensino médio para obter as notas anteriores dos estudantes. Esses foram
recrutados no primeiro semestre da universidade, sendo acompanhados durante toda
a graduação a respeito das notas obtidas, se abandonaram ou não o curso e o
número de aulas matriculadas a cada semestre.
Os resultados encontrados estavam de acordo com a literatura sobre o
poder preditivo de todas essas variáveis associadas a um bom desempenho
acadêmico. Contudo, observou-se que a esperança, e não a autoeficácia
acadêmica, estava relacionada significativamente com o número de aulas
matriculadas e com a graduação em tempo ideal (sem desistência ou trancamento
do curso). Além disso, ela unicamente foi preditora do número de aulas
matriculadas, permanência na universidade e previsão de se formar no tempo
ideal, para além do efeito do histórico educacional e de outras variáveis
psicológicas, como o engajamento e a autoeficácia.
Sabendo que alunos mais esperançosos apresentam uma melhor trajetória
acadêmica como, por exemplo, maior retenção acadêmica e maior propósito de vida,
além de melhores resultados de saúde, ressalta-se o papel da esperança como
fator protetivo em estudantes universitários. Portanto, a Psicologia da Saúde,
por ser o campo que se dedica ao estudo e desenvolvimento de estratégias que
tenham como objetivo a promoção da saúde, pode elaborar
intervenções no ambiente acadêmico que visem fortalecer a esperança nos
estudantes e assim contribuir para sua saúde mental e melhor ajustamento
psicológico.
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