Os efeitos do rompimento de um relacionamento amoroso em estudantes universitários
Bastos, V., Rocha, J. C., & Almeida, T. de. (2019). Os efeitos do rompimento de um relacionamento amoroso em estudantes universitários. Psicologia, Saúde & Doenças, 20(2), 402-413. doi:10.15309/19psd200210
Resenhado por Ariana Moura
O tema relacionamentos amorosos é uma das áreas mais importantes da vida e pode proporcionar
uma das mais ricas recompensas emocionais na idade adulta.
Infelizmente, esta importância é mais bem percebida quando a relação não
está satisfatória. A perda de alguém significativo constitui uma das experiências mais dolorosas, no entanto, embora seja um fenômeno comum a todo o ser humano e a sua expressão varie subjetivamente, o tempo de elaboração do luto pela separação pode ser maior do que aquele do luto por morte.
As reações mais típicas face ao rompimento amoroso podem ser caracterizadas por quatro tipos de manifestações, a saber: manifestações comportamentais como o choro, isolamento, fadiga e comportamentos de procura; manifestações afetivas como raiva, solidão, ansiedade; manifestações cognitivas como baixa autoestima, desespero e preocupação intensa com o ex-parceiro (a); e manifestações fisiológicas como perda de apetite, perturbações do sono, queixas somáticas e a vulnerabilidade para doenças.
Além das reações citadas, pessoas que terminaram um relacionamento amoroso ainda podem experimentar períodos de luto, mais especificamente, o Luto Prolongado (Prolonged Grief Disorder ou PGD), que em termos afetivo-sexuais, acontece quando
a capacidade funcional do indivíduo está desorganizada, de tal forma
que o impossibilita de retomar as suas atividades normais, anteriores à
perda romântica, a qual pode alterar alguns mecanismos biológicos, como o
relógio circadiano e o sono, dentre outros ritmos fisiológicos.
O estudo teve como objetivo entender a relação existente entre as Dificuldades de Regulação Emocional e a sintomatologia de Luto Prolongado, de Estresse Pós-Traumático e de Amarguramento
em estudantes do Ensino Superior associadas à perda de um
relacionamento amoroso. Participaram desse estudo 100 estudantes com
idades compreendidas entre os 18 e os 36 anos e que experienciaram, pelo
menos, a perda de um relacionamento amoroso. Para a coleta de dados
foram utilizados: Questionário
sociodemográfico; Escala de Dificuldades de Regulação Emocional (DERS);
Escala do Impacto do evento - Revisada (IES-R); Escala do luto
prolongado (PG -13) e Escala de Amarguramento Pós-Traumático (PTED).
Nos resultados, viu-se que aqueles que no momento da pesquisa não tinham um relacionamento amoroso apresentam
níveis mais altos de sintomatologia de Luto Prolongado,
comparativamente com os que têm uma relação amorosa. Quando a perda é
inesperada, os jovens têm a tendência de apresentarem sintomatologia traumática e de amarguramento,
comparativamente com os que consideram que a perda foi esperada. No que
diz respeito, aos jovens que projetam uma vida em comum, estes
apresentam maiores níveis de sintomatologia de Luto Prolongado e
traumática, comparativamente com os que não projetam uma vida em comum. Desse modo, pode-se afirmar que as Dificuldades de Regulação Emocional se correlacionam positivamente com o Luto Prolongado, ou seja, PGD se relaciona com as dificuldades que o indivíduo demonstra no modo como lida e regula as suas emoções.
Para a Psicologia da Saúde, esta pesquisa contribui por demonstrar
os impactos negativos da perda de um relacionamento amoroso na saúde
das pessoas. Os resultados observados podem ajudar os psicólogos a
pensarem em novas intervenções para este público a fim de amenizar tais
impactos.
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