Educação parental com famílias maltratantes: Que potencialidades?


Coutinho, I. C. M., Seabra-Santos, M. J., & Gaspar, M. F. F. (2012). Educação parental com famílias maltratantes: Que potencialidades? Análise Psicológica30(4), 405-420. Recuperado de: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312012000300004

Resenhado por Mariana Menezes

O mau trato infantil assume, pelas consequências individuais, familiares e sociais, a curto, médio e longo prazo, um papel preponderante no âmbito da proteção à infância e, constitui, por isso, uma preocupação social e política premente. O tipo de mau trato mais comum é a negligência, seguindo-se a exposição a modelos de comportamento desviante, os maus tratos psicológicos/abuso emocional e o abandono escolar. O mau trato infantil pode ser encarado como uma disfunção familiar e de perturbação na relação pais-filhos.
A família tem um papel central na intervenção em situações de crianças e jovens em risco, implementando estratégias de apoio familiar e parental, propondo ações no âmbito da parentalidade e de promoção de competências parentais, rumo a uma parentalidade positiva. Parentalidade diz respeito a um conjunto de ações encetadas pelas figuras parentais (pais ou substitutos) junto dos seus filhos no sentido de promover o seu desenvolvimento de forma mais plena possível, utilizando para tal os recursos de que dispõe dentro da família e, fora dela, na comunidade. Parentalidade positiva, por sua vez, trata-se de um comportamento parental em prol do interesse da criança e da promoção do seu desenvolvimento global  e harmonioso, procurando assegurar a satisfação das suas necessidades e a capacitação daquela, de uma forma não violenta, que reconheça a criança e a oriente, recorrendo, para tal, à fixação de limites ao seu comportamento. De modo geral, educação parental se refere a uma variedade de intervenções desenhadas com o objetivo primordial de promoção de estratégias parentais positivas e eficazes, capacitando os pais para um melhor exercício da sua parentalidade e otimizando, assim, o desenvolvimento saudável dos seus filhos.
Os programas de educação parental estão a ser largamente utilizados em outros países com o objetivo de prevenir situações de mal trato infantil, promovendo competências parentais em famílias com fatores de risco e com resultados bastante promissores. Os estudos demonstram, de uma forma bastante consensual, a ideia que a educação parental, ao disponibilizar aos pais formas alternativas, eficazes e positivas, para lidar com o comportamento dos seus filhos, pode ser útil para a prevenção e redução dos problemas de comportamento destes; diminuição dos comportamentos antissociais e criminais e prevenção do consumo de substâncias psicoativas; e prevenção dos maus tratos.

Portanto, ao intervir precocemente em situações de risco estaremos a melhorar a qualidade do desenvolvimento das crianças e da sua família, permitindo reduzir os custos para a sociedade inerentes às consequências do mau trato infantil. A implementação de programas de educação parental na prevenção dos maus tratos infantis, em idades precoces constitui, deste modo, uma área promissora no âmbito da proteção à infância. Além disso, o artigo é importante para a área da Psicologia da Saúde uma vez que incentiva a reflexão sobre o papel da educação parental no âmbito da intervenção protetiva, evidenciando o impacto positivo que uma intervenção desta natureza poderá imprimir às famílias referenciadas como maltratantes.

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