Utilizando as teorias do estresse, avaliação e enfrentamento na prática clínica: Avaliação de estratégias de enfrentamento após desastres
Matthieu, M. M.,
& Ivanoff, A. (2006). Using Stress, appraisal, and coping theories in
clinical practice: Assessments of coping strategies after disasters. Brief Treatment and Crisis Intervention Journal, 6(4),
337-348.
Resenhado por
Renata Elly
O
estresse não é uma experiência isolada na sociedade atual mas, comum a
diferentes pessoas, contextos e circunstâncias sociais. Uma das maneiras de
estudar essas reações é entendendo o porquê de alguns indivíduos adaptarem-se e
outros não. Em situações de desastres, é bastante diferente a forma que as
pessoas lidam com eles, por isso, é necessário um conhecimento maior sobre como
lidar com os impactos psicológicos de eventos estressantes, com o objetivo de
atenuar os efeitos negativos na saúde e no bem-estar. A compreensão de como os
indivíduos avaliam os eventos e reagem a eles é de fundamental importância na
prática clínica, para auxiliar os pacientes a passarem por esses eventos de
forma funcional.
O
artigo objetivou descrever o arcabouço teórico das teorias de estresse,
avaliação e enfrentamento. Após o 11 de setembro de 2000 muitas dúvidas
persistiram sobre o estresse nos profissionais de saúde mental: Quais os
efeitos a longo prazo? Quem será mais afetado? Pode haver ganhos positivos após
uma adversidade? A avaliação de crises deve concentrar-se nos fatores a nível
individual, sendo eles, o estímulo da crise, a percepção sobre o estressor e a
disponibilidade de recursos. Algumas pesquisas indicaram que as reações
iniciais previram o aparecimento de sofrimento psicológico. Contudo, é necessário
cautela ao atribuir os danos somente ao desastre, uma vez que indicativos
psicopatológicos podem influenciar no sofrimento percebido. A avaliação clínica
da reação de enfrentamento de um indivíduo pode facilitar na tomada de decisão
sobre a melhor forma de intervir. As intervenções podem acontecer no ambiente
que apresenta o evento estressante, nos pensamentos do indivíduo sobre o
evento, nas respostas físicas do corpo, e nas estratégias de enfrentamento
cognitivas e comportamentais utilizadas.
É recente
a definição do estresse como uma transação, ou seja, quando o foco cognitivo
está no relacionamento entre a pessoa e o ambiente. A abordagem transacional
enfatiza a importância da avaliação subjetiva dos indivíduos sobre os eventos
estressantes presentes em seu ambiente. A teoria da avaliação examina o
processo pelo qual as emoções são provocadas diante de um evento estressante,
por isso, um evento, independentemente de sua importância, pode ou não ser
visto como prejudicial por um indivíduo. Após o evento passar pela avaliação do
sujeito, significados e emoções são gerados, repercutindo no enfrentamento. O
enfrentamento envolve na decisão de quais comportamentos utilizar para lidar
com o evento, através de esforços cognitivos e comportamentais para gerenciar
tais demandas que são avaliadas por potencialmente exceder seus recursos. Por
fim, o indivíduo emprega essas estratégias de duas maneiras, com foco no
problema ou foco na emoção.
Com o
tempo, a tensão de responder a situações de estresse pode ser cumulativamente
prejudicial, aumentando a probabilidade da ocorrência de estados de doença. Os
construtos da Psicologia da Saúde podem auxiliar para que o profissional
forneça intervenções que busquem assistir indivíduos, famílias e comunidades
para restaurar o funcionamento positivo após um desastre. Diminuir os efeitos
negativos terá implicação de longo alcance para a saúde e, através da
combinação das teorias e pesquisas com a prática, os profissionais podem
mobilizar intervenções nos recursos ambientais e individuais nos tratamentos.
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