As contribuições da psicologia nas emergências e desastres
Melo, C. A., & Santos, F. A. (2011). As contribuições da psicologia nas emergências e desastres. Psicólogo informação, 15(15), 169-181.
Resenhado por Renata Elly
As emergências e desastres
são assuntos pouco discutidos na graduação de psicologia. Situações de
desastres são cada vez mais comuns no Brasil e no mundo, e frequentemente
produzem um número elevado de vítimas. Fenômenos naturais, como chuvas, secas e
deslizamentos, a depender do local e da vulnerabilidade da comunidade atingida,
podem produzir desastres. Além disso, situações de violência urbana, doenças
crônicas e acidentes são também situações que impactam à pessoa atingida e sua
família. Os desastres atuais, devido ao avanço da tecnologia, já não são
sofridos apenas por uma comunidade específica ou quem vive diretamente as
consequências deles, pois as suas informações são veiculadas rapidamente para o
mundo inteiro. O indivíduo diante tais repercussões midiáticas se sente
inseguro e teme que o mesmo aconteça em seu país, consigo ou com entes
queridos.
A área da psicologia
das emergências e dos desastres estuda as diferentes mudanças e fenômenos
pessoais envolvidos em uma catástrofe, seja esta natural ou provocada. As
consequências psicológicas de um desastre são inevitáveis e a psicologia pode
atuar na prevenção e redução de desastres, e no tratamento das consequências
psicológicas. É recente a inserção da psicologia nos debates e reflexões nas
práticas da defesa civil, sendo a área pouco difundida no Brasil. No entanto,
em grande parte da América Latina, a área é bem pesquisada, e são produzidos
estudos constantemente na tentativa de aperfeiçoar as técnicas e no
desenvolvimento de novas estratégias de apoio psicológico as populações
atingidas por uma emergência ou calamidade.
A defesa civil deve
estar voltada prioritariamente para a prevenção, e a psicologia pode contribuir
na elaboração de projetos didáticos de prevenção, percepção de riscos e
educação ambiental. Na fase de emergência, o psicólogo pode ajudar nas
consequências diretas de um desastre na vida das vítimas, da comunidade e dos
profissionais. O trabalho é feito por meio da escuta atenta, entrevistas de
apoio ou mesmo provendo informações básicas e precisas que possam ajudar a
pessoa a se orientar e se situar diante da situação de caos. A atuação também
envolve o cuidado com os profissionais que operam nessas situações, levando em
conta as reações, condutas e os sentimentos desses trabalhadores.
A fase assistencial
abrange especificamente a ajuda humanitária, o fornecimento de suprimentos
básicos e o encaminhamento das famílias desalojadas a casas de familiares,
amigos ou abrigos. Nessa fase, o psicólogo pode ajudar a identificar, com a
equipe multiprofissional, os recursos disponíveis no local, como serviços de
cultura, saúde, lazer e educação, inserindo a comunidade nas atividades
ofertadas por esses setores. Na fase da reconstrução, o psicólogo pode auxiliar
na elaboração de políticas públicas, alinhando projetos de obras e reconstrução
apresentados como demanda da população.
Sendo assim, o
psicólogo pode atuar em todas as fases de uma situação de emergência e
desastre. Os construtos da psicologia da saúde podem auxiliar para que o
profissional esteja preparado para agir nessas situações, desenvolvendo as
potencialidades que cada comunidade possui, na expectativa de administrar o
risco e minimizar os efeitos do desastre.
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