Problemas de comportamento, coping da hospitalização e qualidade de vida em crianças

Bastos, J.A., Dias, T.L., & Enumo, S.F. (2018). Problemas de comportamento, coping da hospitalização e qualidade de vida em crianças. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, 10 (1), e8112. doi: 10.3895/rbqv.v10n4.8112.

Resenhado por: Catiele Reis

            A hospitalização em crianças pode acarretar problemas emocionais e de comportamento. Estes, por consequência influenciam no coping da hospitalização na Qualidade de Vida QV, especialmente de crianças na fase de transição para a idade escolar, inseridas no contexto hospitalar por doenças crônicas. A pesquisa mostrada aqui teve como objetivo analisar problemas de comportamento, coping da hospitalização e QV em crianças de cinco a sete anos internadas com doenças crônicas

            A amostra foi composta por 33 crianças internadas em um hospital universitário em Cuiabá (MT). Os instrumentos aplicados nas crianças foram o Kidcope (para mensuração do coping) e o Autoquestionnaire Qualité de Vie Enfante Imagé (para mensuração da qualidade de vida). Os pais ou responsáveis responderam o Child Behavior Checklist (1 ½-5 anos e 6-18 anos – mensura comportamentos de enfrentamento usados pelas crianças. A análise de dados seguiu aquilo que foi preconizado em cada instrumento.

            Foram identificados problemas de comportamento internalizantes crianças mais novas (71,4%) e em crianças entre 6-7 anos (52,6%). Percebeu-se que as crianças usavam estratégias (EE) adaptativas e mal adaptativas para lidar com a hospitalização. As adaptativas mais vistas foram foram regulação emocional e a busca pelo suporte social. De modo contrário, as estratégias desadaptativas encontradas foram a autocrítica e a culpabilização dos outros. Com relação a qualidade de vida, 59,26% das crianças apresentou qualidade de vida positiva em relação à família (M=10,22; DP = 2,89) e função (atividades na escola, refeições (M=8,88; DP = 3,06). Comparando os resultados encontrados com o desenvolvimento das crianças, percebeu-se que as crianças menores apresentavam EE típicos da idade, como distração, regulação emocional e suporte social. Ressalta-se que as crianças apresentaram diversificação do repertório. Já as crianças mais velhas apresentaram com maior frequência as EE de distração, pensamento mágico e busca de suporte social, mostrando um processo de autorregulação voltado para as mudanças decorrentes da doença e hospitalização, no qual a ajuda do adulto e as demandas internas se fazem presentes. Tais dados permitem afirmar que algumas crianças precisam de suporte ou de atendimento que lhes ensinem a lidar com o estresse gerado pela hospitalização, assim como dos seus familiares (NABORS et al., 2018).

     Por fim, faz-se importante ressaltar uma particularidade da amostra que foi a presença de comportamentos prévios à hospitalização, a exemplo dos sintomas ansiosos e depressivos, comuns em doenças crônicas. Associados à presença de EE mal adaptativas, esses problemas indicam a necessidade de atenção à saúde mental das crianças internadas, podendo contribuir para a melhora de sua qualidade de vida e os desfechos em saúde.

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