Percepções passadas de parentalidade e apego adulto como fatores de vulnerabilidade para a ideação suicida no contexto do modelo integrado motivacional volitivo do comportamento suicida
Perceptions of past parenting and adult attachment as vulnerability factors for suicidal ideation in the context of the integrated motivational–volitional model of suicidal behavior
Zortea, T.
C., Gray, C. M., & O’Connor, R. C. (2019). Perceptions of past parenting
and adult attachment as vulnerability factors for suicidal ideation in the
context of the integrated motivational–volitional model of suicidal behavior. Suicide
and Life‐Threatening
Behavior.
Advance online publication. doi: 10.1111/sltb.12606
Resenhado por Luiz Guilherme L.
Silva.
O suicídio é um
fenômeno complexo de etiologia pouco conhecida, uma vez que diversos fatores
como, por exemplo, biológicos, psicológicos e sociais têm papel na aparição de
ideação e comportamento suicidas. Inúmeros modelos psicológicos de
comportamento suicida têm tentado explicar as causas desse evento como, por
exemplo, o modelo desenvolvimental de comportamento suicida baseado no apego
proposto por Adam (1994). A teoria postula que experiências precoces de apego
podem causar vulnerabilidade em relação a comportamentos autodestrutivos mediante
seus efeitos no modo de funcionamento interno e de figuras importantes. Assim,
o objetivo do estudo foi examinar os postulados de Adam (1994) e O’Connor
(2011) que propôs o modelo integrado motivacional-volitivo de comportamento
suicida, bem como investigar se laços parentais negativos e apego inseguro são
fatores de risco para ideação suicida.
Na coleta de
dados, foi aplicado um questionário online
para 730 participantes de 18 a 66 anos a maioria sendo do sexo feminino,
heterossexual e portadores de diploma de ensino superior. Para mensurar a
ideação suicida usou-se a Suicide Probability
Scale – Suicide Ideation Scale. A Defeat
Scale foi empregada para aferir a percepção de falhas e perda de status
social. A Entrapment Scale foi
utilizada para calcular quão aprisionado o sujeito sentia pela situação
presente. Outras escalas também foram empregadas como, por exemplo, a Connor-Davidson Resilience Scale para avaliar
a resiliência, a Brief COPE Inventory para
determinar as estratégias de enfrentamento, o Questionário de saúde do paciente
aferiu sintomas depressivos, o Parental
Bonding Instrument avaliou os laços parentais durante os 16 primeiros anos
de vida do participante e o Relationship
Styles Questionnaire mensurou quatro dimensões de apego adulto em geral.
Os resultados
sugeriram que percepções passadas de parentalidade e os tipos de apego poderiam
estar associados à ideação suicida por meio dos fatores de risco de suicídio
propostos pelo modelo integrado motivacional-volitivo que são a percepção de
falha e aprisionamento. As percepções de cuidados parentais passados e o apego
inseguro foram considerados fatores de vulnerabilidade, aumentando o risco de
ideação suicida quando desencadeados por eventos interpessoais estressores.
Também se encontrou relação positiva entre percepção negativa de interação com
figuras parentais e alta taxa de ideação suicida nos participantes, assim como
os tipos de apego ansioso e evitativo foram correlacionados com pensamentos
suicidas. A resiliência moderou a relação entre subjugação e ideação suicida,
sugerindo que, sob alto nível de subjugação, os participantes que mais
pontuaram na escala de resiliência mostraram menores níveis de pensamentos
autodestrutivos.
A Psicologia da
Saúde pode contribuir nesse contexto ao incentivar relações mais saudáveis
entre figuras parentais e seus descendentes, assim como ao estimular outras
formas de apego a fim de que os indivíduos utilizem estratégias de
enfrentamento mais adaptativas frente a eventos estressores.
Nenhum comentário: