Sintomas de insônia, percepção de estresse e estratégias de enfrentamento em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico
Resenhado por Kelyane Sousa
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença
crônica, multissistêmica, inflamatória e autoimune caracterizada por uma
variedade de manifestações clínicas. Algumas manifestações neuropsiquiátricas
são frequentemente observadas em pessoas com LES e interferem
significativamente na qualidade de vida, nas relações sociais e na
produtividade dos pacientes.
Nas últimas décadas, o curso do LES é caracterizado
por surtos recorrentes que têm sido relacionados ao estresse, à depressão e a
distúrbios do sono, podendo levar à incapacidade progressiva. Evidências apontam
que condições de perda de sono podem atuar como um estressor neurobiológico, conduzindo
à superativação do sistema nervoso simpático e do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal. EM decorrência, surgem respostas pró-inflamatórias
que, por sua vez, podem afetar na modulação da depressão, dor e fadiga.
Diversos estudos estabelecem a relação entre estresse
e exacerbação da doença e recomendam que pacientes com lúpus reduzam o estresse
percebido. Deste modo, é importante a forma como o paciente se auto regula e
reduz o estresse através de estratégias de coping
(enfrentamento). Consequentemente, respostas desadaptativas são consideradas
fatores de risco psicológico e têm relação com a saúde e bem-estar geral de
pessoas com lúpus, interferindo no curso da doença, qualidade de vida e bem-estar
mental.
Os autores pesquisaram a relação entre estresse
percebido, insônia e coping no LES
através da avaliação de dois grupos de pacientes com lúpus, um com sintomas de
insônia e outro sem. Participaram do estudo 90 mulheres diagnosticadas com
lúpus. Os resultados apontam que pacientes com LES e insônia, em comparação aos
pacientes com LES mas sem insônia, mostraram aumento do estresse percebido,
estratégias de enfrentamento menos eficazes e maiores taxas de sintomas
depressivos. Especificamente, o grupo de mulheres com insônia apresentou pior
qualidade do sono, baixa frequência de uso de medicamentos para dormir (apesar
dos problemas com o sono), taxas mais altas de sintomas depressivos, e escores
mais altos de estresse percebido. Além disso, relataram ter menos engajamento
comportamental, maior culpabilização e fazerem uso mais frequentemente de
estratégias de enfrentamento voltadas à emoção, que são consideradas menos
eficazes para pacientes portadores de doença crônica.
Os resultados sugerem intervenções relacionadas à insônia como forma de prevenção à depressão em pacientes com lúpus, pois indivíduos com lúpus e sintomas de insônia podem apresentar maior risco negativos para a saúde. Além disso, a relação entre insônia, estresse percebido e estratégias de coping ineficazes denotam a necessidade e importância do papel do psicólogo da saúde na reestruturação cognitiva do paciente, no manejo de transtornos relacionados ao sono e na elaboração de estratégias de enfrentamentos eficazes.
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