Sintomas de insônia, percepção de estresse e estratégias de enfrentamento em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

  Palagini, L., Mauri, M., Faraguna, U., Carli, L., Tani, C., Dell'Osso, L., Mosca, M., & Riemann, D. (2016). Insomnia symptoms, perceived stress and coping strategies in patients with systemic lupus erythematosus. Lupus, 25(9), 988–996. https://doi.org/10.1177/0961203316631630.

Resenhado por Kelyane Sousa 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica, multissistêmica, inflamatória e autoimune caracterizada por uma variedade de manifestações clínicas. Algumas manifestações neuropsiquiátricas são frequentemente observadas em pessoas com LES e interferem significativamente na qualidade de vida, nas relações sociais e na produtividade dos pacientes.

Nas últimas décadas, o curso do LES é caracterizado por surtos recorrentes que têm sido relacionados ao estresse, à depressão e a distúrbios do sono, podendo levar à incapacidade progressiva. Evidências apontam que condições de perda de sono podem atuar como um estressor neurobiológico, conduzindo à superativação do sistema nervoso simpático e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. EM decorrência, surgem respostas pró-inflamatórias que, por sua vez, podem afetar na modulação da depressão, dor e fadiga.

Diversos estudos estabelecem a relação entre estresse e exacerbação da doença e recomendam que pacientes com lúpus reduzam o estresse percebido. Deste modo, é importante a forma como o paciente se auto regula e reduz o estresse através de estratégias de coping (enfrentamento). Consequentemente, respostas desadaptativas são consideradas fatores de risco psicológico e têm relação com a saúde e bem-estar geral de pessoas com lúpus, interferindo no curso da doença, qualidade de vida e bem-estar mental.

Os autores pesquisaram a relação entre estresse percebido, insônia e coping no LES através da avaliação de dois grupos de pacientes com lúpus, um com sintomas de insônia e outro sem. Participaram do estudo 90 mulheres diagnosticadas com lúpus. Os resultados apontam que pacientes com LES e insônia, em comparação aos pacientes com LES mas sem insônia, mostraram aumento do estresse percebido, estratégias de enfrentamento menos eficazes e maiores taxas de sintomas depressivos. Especificamente, o grupo de mulheres com insônia apresentou pior qualidade do sono, baixa frequência de uso de medicamentos para dormir (apesar dos problemas com o sono), taxas mais altas de sintomas depressivos, e escores mais altos de estresse percebido. Além disso, relataram ter menos engajamento comportamental, maior culpabilização e fazerem uso mais frequentemente de estratégias de enfrentamento voltadas à emoção, que são consideradas menos eficazes para pacientes portadores de doença crônica.

Os resultados sugerem intervenções relacionadas à insônia como forma de prevenção à depressão em pacientes com lúpus, pois indivíduos com lúpus e sintomas de insônia podem apresentar maior risco negativos para a saúde. Além disso, a relação entre insônia, estresse percebido e estratégias de coping ineficazes denotam a necessidade e importância do papel do psicólogo da saúde na reestruturação cognitiva do paciente, no manejo de transtornos relacionados ao sono e na elaboração de estratégias de enfrentamentos eficazes.




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