Resiliência, burnout e mecanismos de enfrentamento em médicos do Reino Unido: Um estudo transversal

 Resilience, burnout and coping mechanisms in UK doctors: A cross-sectional study

 

Mckinley, N., McCain S., Convie, L., Clarke, M., Dempster, M., Campbell, W. J., & Kirk, S. J.  (2019). Resilience, burnout and coping mechanisms in UK doctors: A cross-secional study. BMJ Open, 10(e031765). doi: 10.1136/bmjopen-2019-031765. 

Resenhado por Luana C. Silva-Santos

A sobrecarga de trabalho é uma característica de profissões como a medicina e fortemente associada ao fato de médicos terem maior risco de desenvolver ansiedade, depressão e abuso de substâncias. Além disso, a natureza do trabalho de um médico o expõe com frequência a situações com alta carga estressora. Em conjunto, sobrecarga de trabalho e alta percepção de estresse são os principais fatores que levam a predisposição ao burnout, como é conhecido o esgotamento profissional. São necessárias estratégias de enfrentamento (coping), que são esforços realizados para lidar, reduzir ou tolerar situações percebidas como estressoras. A capacidade de se recuperar de estresses ou adversidades significativas é denominada resiliência, influência por fatores biopsicossociais como personalidade, suporte social, fatores institucionais. Nesse contexto, Mckinley et al. (2019) objetivaram avaliar resiliência, qualidade de vida profissional, burnout e coping em médicos do Reino Unido.

Um total de 1651 médicos responderam questionário online de 90 itens composto pelas escalas Connor Davidson Resilience Scale (CD-RISC), Professional Quality of Life Scale (ProQOL) e Brief Cope, além de questões sociodemográficas. Foi considerado o burnout como desfecho e as demais variáveis como covariáveis em um modelo de regressão linear. A média de pontuação na variável resiliência foi inferior às normas populacionais [Média (M) = 65,01], mas superior em relação aos valores de burnout (M = 28,1) e estresse traumático secundário (M = 23,7). A estratégia de coping mais relatada foi a autodistração. No modelo de regressão, estratégias de coping desadaptativas, desligamento comportamental e abuso de substâncias foram preditores do desenvolvimento do burnout.

Os resultados do estudo sugerem grupos específicos de médicos com pior qualidade de vida profissional e relatando maior cansaço, em geral aqueles que trabalham na linha de frente de emergências. Tais achados enfatizam a importância de direcionar atenção à qualidade do ambiente profissional, tanto do ponto de vista profissional como interpessoal. Além disso, demonstrou que estratégias desadaptativas de coping foram associadas ao desfecho burnout, o que denota o importante papel do profissional da psicologia na construção de estratégias eficazes e direcionadas ao coping como forma de prevenção do esgotamento profissional.

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