Percepção de pais sobre a vulnerabilidade e competência parental: O papel da depressão pós-parto e do estresse parental em pais e mães

Gordo, L., Oliver-Roig, A., Martínez-Pampliega, A., Elejalde, L. I., Fernandez-Alcantara, M., & Richart-Martínez, M. (2018). Parental perception of child vulnerability and parental competence: The role of postnatal depression and parental stress in fathers and mothers. PloS one, 13(8), 1-13. doi: 10.1371/journal.pone.0202894


Resenhado por GeovannaTurri

A crença de que os filhos podem estar vulneráveis ​​a doenças graves que ameaçam a vida pode ter efeitos negativos sobre os pais e o desenvolvimento infantil da criança. Acredita-se que nas famílias em que as crianças sofrem com doenças graves e se recuperam, os pais continuam preocupados com a saúde de seus filhos, o que exacerba a percepção de que seu filho é vulnerável, criando uma ansiedade que pode dificultar a interação pais-filhos, além de um aumento de dificuldades infantis como problemas de sono ou ansiedade de separação, dificuldades na competência social e um aumento de problemas de internalização e externalização. Dito isso, os autores buscaram analisar a relação entre a percepção dos pais sobre a vulnerabilidade infantil e a autopercepção da competência em pais de bebês de 6 a 8 meses, analisando o papel mediador da depressão pós-parto e do estresse parental.

A amostra foi composta por 965 pessoas (385 pais e 580 mães de bebês que não tiveram nenhuma doença grave diagnosticada). A idade média das mães foi de 32,7 anos e a dos pais foi de 35,1 anos. Os critérios de inclusão consistiram em ser mãe ou pai de um recém-nascido, além de a gravidez e o nascimento terem sido de baixo ou médio risco. Os participantes da amostra foram recrutados no dia da alta hospitalar pós-parto e os questionários aplicados foram os mesmos para mães e pais. O acompanhamento foi realizado por meio de questionários online entre 6 e 11 meses após o parto, tendo sido aplicadas uma escala de vulnerabilidade infantil (Vulnerable Baby Scale), uma escala de estresse parental (Parental Stress Scale),  uma escala de depressão pós-parto (Edinburgh Postnatal Depression Scale) e uma escala de senso de competência parental (Parenting Sense of Competence).

Os resultados revelaram uma associação entre a percepção dos pais sobre a vulnerabilidade de seus filhos e a percepção dos pais sobre a competência parental através da depressão e do estresse parental. No entanto, essa associação foi diferente para pais e mães. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas em função do sexo dos pais na depressão pós-natal, recompensa parental, percepção da competência parental e eficácia parental. As mães obtiveram escores mais altos, exceto na dimensão de eficácia parental, na qual os pais obtiveram escores mais altos que as mães. Os resultados mostraram ainda que a percepção dos pais sobre a vulnerabilidade de seus filhos foi associada positivamente à depressão pós-natal; já a depressão pós-natal e o estresse parental foram negativamente associados à percepção da competência dos pais. Por fim, os modelos de mães e pais foram avaliados simultaneamente com base em uma análise multigrupo. A diferença do qui-quadrado não foi significativa, o que significa que o modelo funciona da mesma maneira, independentemente do sexo dos pais.

Em resumo, concluiu-se que a variável percepção da vulnerabilidade infantil foi o fator de maior relevância para entender a competência parental. Os pais que consideravam o filho mais vulnerável, também se consideravam menos competentes, principalmente na presença de sintomas depressivos e de estresse parental. O presente trabalho revela sua relevância para a Psicologia da Saúde ao revelar a importância e o impacto de determinados fatores parentais que podem prejudicar a relação de pais e filhos e a saúde emocional/psicológica dos pais. 

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