Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil

  Garcia, P. L., Duarte, E. (2020). Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento à epidemia da COVID-19 no Brasil. Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, 29(2).

Resenhado por Renata Elly

A Covid-19 foi considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro de 2020, além disso, foi também declarada como pandemia em março do corrente ano. No período atual as vacinas ainda estão em testes e não existe evidência sobre a imunidade prévia dos seres humanos, por isso, intervenções não farmacológicas (INF) são indicadas. Tais alternativas visam diminuir a transmissão entre seres humanos, desacelerar o espalhamento da doença, e consequentemente diminuir ou postergar o pico de ocorrência da curva pandêmica.

As INF são medidas de saúde pública com alcance individual, ambiental e comunitário. Em relação à Covid-19, as medidas de caráter individual incluem a lavagem de mãos, uso de máscara, distanciamento social e a prática voluntária de não frequentar locais com aglomeração de pessoas. As medidas ambientais referem-se ao arejamento e exposição solar dos ambientes, limpeza rotineira. O vírus pode permanecer estável fora do corpo, por isso é necessário atenção máxima nas superfícies, como os botões de elevadores, maçanetas, apoios em transportes públicos, celulares, etc.

As medidas comunitárias são ações tomadas por gestores e líderes comunitários, incluindo a restrição ao funcionamento das escolas, de estabelecimentos comerciais, teatros, eventos sociais, serviços que não são considerados essenciais. A adoção de tais medidas possui impactos importantes nas atividades diárias, na vida das pessoas e da sociedade. Países que adotaram medidas rígidas no isolamento social tiveram sucesso em reduzir a propagação do vírus, a exemplo da Nova Zelândia e Dinamarca. No Brasil, o número de casos ainda é crescente, o que poderia ser diferente se as medidas tivessem sido iniciadas nos primeiros casos e fosse longa o suficiente para cobrir a curva pandêmica.

A implementação de determinadas intervenções não farmacológicas devem ser consideradas de forma particularizada para alguns grupos vulneráveis, por exemplo a população carcerária, idosos institucionalizados, portadores de necessidades especiais, população de rua. O isolamento social, uma dessas intervenções, acarreta na deterioração da saúde mental e aumenta a vulnerabilidade de diversos grupos, como mulheres, crianças e idosos vítimas de violência doméstica e intrafamiliar, pessoas que perderam suas fontes de renda. Por isso, a atuação do Sistema Única de Saúde (SUS) é fundamental para minimizar consequências negativas.

 A Psicologia da Saúde também é importante no combate da pandemia. A atuação pode favorecer na adesão das pessoas às intervenções não farmacológicas e no fornecimento de melhores evidências que possam sustentar decisões efetivas dos gestores.

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