Estratégias de enfrentamento e qualidade de vida relacionada à saúde após o AVC

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 Coping strategies and health-related quality of life after stroke

 

Lo Buono, V., Corallo, F., Bramanti, P., & Marino, S. (2017). Coping strategies and health-related quality of life after stroke. Journal of Health Psychology, 22, 16-28. doi: 10.1177/1359105315595117

Resenhado por Geovanna Turri

 O acidente vascular cerebral (AVC) é a terceira principal causa de morte nos países ocidentais. A taxa de ocorrência do AVC é estimada em cerca de 75% em pacientes com mais de 65 anos. Os pacientes que sofrem um AVC apresentam alto risco de morte durante as primeiras semanas após o evento, e cerca de 20 a 50% morrem no primeiro mês, a depender da idade, gravidade e comorbidades. O AVC causa uma piora significativa da qualidade de vida relacionada à saúde, acarretando sérias consequências que podem causar mudanças na vida das pessoas, tanto física como emocional e socialmente, a exemplo de ansiedade, estresse pós-traumático, incapacidade de manter o próprio papel social, dificuldade de interação, entre outras coisas. Nesse contexto, um importante fator psicossocial que influencia a qualidade de vida após o AVC são as estratégias de enfrentamento utilizadas para lidar com situações de doenças.

As estratégias de enfrentamento são modalidades cognitivas e comportamentais empregadas para gerenciar o impacto negativo de situações estressantes e a depender do sucesso ou falha deste processo, o enfrentamento pode ser definido como funcional (adaptação) ou disfuncional (aumento do estresse). Somente nos últimos anos, os estudos sobre AVC estão começando a focar nos desfechos psicológicos, como qualidade de vida e bem-estar subjetivo. Diante disso, o presente artigo realizou uma revisão descritiva de estudos que investigaram se os níveis de qualidade de vida foram influenciados pelas estratégias de enfrentamento utilizadas por pacientes com AVC.

Os autores pesquisaram os bancos de dados PubMed e Web of Science. Das 389 publicações iniciais, apenas 6 estudos atenderam aos critérios de inclusão. Todos os estudos conduziram pesquisas com 506 sobreviventes de AVC e examinaram a associação entre qualidade de vida e estratégias de enfrentamento. Os autores identificaram 8 medidas diferentes de qualidade de vida e 3 medidas de enfrentamento.

Em geral, os resultados mostraram que os pacientes que preferem estratégias de enfrentamento acomodativas ou ativas tiveram uma melhor qualidade de vida após o AVC quando comparados aos pacientes que adotaram o enfrentamento assimilativo. Após o AVC, muitos pacientes relatam uma redução na qualidade de vida e o bem-estar parece ser o componente mais afetado. Além disso, os autores também observaram que as consequências emocionais do AVC, como sensação de perda e decepção com o processo de recuperação, aumentaram o risco de um segundo AVC, bem como de morte.

Em suma, a presente revisão apontou algumas implicações importantes para a gestão preventiva que deve ser realizada durante a reabilitação e recuperação da atividade funcional pós AVC. Ressalta-se que mais atenção deve ser direcionada a fatores psicológicos, a fim de ajudar pacientes a criarem os recursos necessários para lidar com a vida após um AVC. Assim, a psicologia da saúde pode auxiliar pacientes gravemente prejudicados pelos déficits residuais do AVC, ajudando na modificação de estratégias desadaptativas durante a reabilitação. Por fim, ressalta-se que programas de treinamento podem aumentar o processo de aceitação das consequências e ajudar a otimizar a qualidade de vida após o AVC, se realizado na fase aguda.

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