A flexibilidade psicológica como fator de resiliência em indivíduos com dor crônica

 

Gentili, C., Rickardsson, J., Zetterqvist, V., Simons, L. E., Lekander, M., & Wicksell, R. K. (2019). Psychological flexibility as a resilience factor in individuals with chronic pain. Frontiers in Psychology, 10, 2016. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.02016

Resenhado por Matheus Macena

A resiliência, habilidade de adaptação e funcionamento apesar de tensão significativa, tem recebido atenção do campo de gerenciamento da dor crônica. Pacientes frequentemente relatam “estar presos” ou “colocar a vida em espera” como consequência da dor crónica. Esses relatos correspondem a achados que corroboram a previsibilidade de níveis de funcionamento pela interferência provocada pela dor e não por sua intensidade.

Fatores de resiliência são sugeridos, pela literatura, como mecanismos chave da relação entre sintomas e incapacidade entre indivíduos com dor crónica. Neste estudo foi examinado a flexibilidade psicológica como fator de resiliência aos sintomas e o funcionamento de 252 adultos que sofrem de condições de dor crónica. Foram medidas a manifestação de sintomas (intensidade da dor e ansiedade), o funcionamento (interferência da dor e depressão), o fator de resiliência na forma de flexibilidade psicológica e informações socioeconômicas dos participantes. O funcionamento, os sintomas e os fatores de resiliência apresentaram associação significativa.

Análises de regressão linear hierárquica revelaram que a flexibilidade psicológica contribuiu significativamente para a predição da interferência pela dor e a depressão quando controladas as variáveis idade, dor e ansiedade. Também, participantes com menores índices de flexibilidade psicológica apresentam maior probabilidade de precisarem se ausentar por doença (sick leave). Por fim, uma série de múltiplas analises de mediação apontaram que a flexibilidade psicológica tem um efeito indireto significativo na relação entre sintomas e funcionamento. Reforçando a hipótese do papel significativo da flexibilidade psicológica na relação do indivíduo com o gerenciamento da doença.

Os resultados do estudo reforçam achados de pesquisas anteriores no tema e evidenciam o papel da flexibilidade psicológica como um fator de resiliência para indivíduos que sofrem de dor crônica. A psicologia da saúde por definição aborda aspectos psicológicos pertinentes ao processo saúde e doença, assim, cabe ao psicólogo da saúde entender e pesquisar adequadamente o papel da flexibilidade psicológica no gerenciamento da dor crônica.

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